A segurança é para Bolsonaro. Por Helena Chagas

Atualizado em 23 de janeiro de 2020 às 22:59

 

Ministro Sergio Moro e o presidente da República, Jair Bolsonaro| Foto: Marcos Corrêa/PR

Por Os Divergentes.

O que quer o presidente Jair Bolsonaro quando ameaça recriar o Ministério da Segurança Pública? Antes de tudo, com a simples ameaça, colocar o ministro da Justiça e da Segurança Pública em seu devido lugar — que não é, na visão de Bolsonaro, o de candidato à presidência em 2022.

Bolsonaro está avisando ao navegante Moro que ele reduza sua velocidade política de pré-candidato e enquadre suas ambições, que, pelos planos presidenciais, não devem ultrapassar os limites de uma candidatura a vice em sua chapa de reeleição.

Mas não é só isso. Acima desse propósito político — e talvez como razão principal para que venha a operar a mudança— está a segurança da família presidencial. Ou seja, o controle da Polícia Federal e de outros órgãos que podem investigar seus filhos, as milícias do Rio de Janeiro, etc.

Que ninguém se iluda: a articulação pela recriação da pasta, com a cisão da Justiça, aparentemente liderada por Fraga, nasceu dentro do Planalto. Sua face mais visível foi o movimento dos secretários de Segurança estaduais que foram ao presidente nesta quarta-feira. Bolsonaro, docemente constrangido, mostrou ter simpatia pela ideia.Não por acaso, Moro recuou nos últimos dias no apoio à federalização do caso Marielle. É como se mandasse um recado ao chefe e a outros interessados de que não quer se meter nesse assunto. Obviamente, porém, a família Bolsonaro estará mais tranquila se a Polícia Federal estiver em mãos amigas como a do antigo companheiro Alberto Fraga, nome cogitado para o Ministério da Segurança.

Isso não quer dizer ainda, porém, que a decisão está tomada e que o Ministério será recriado na volta do presidente da Índia. Vai depender das reações nos próximos dias, sobretudo da de Moro, a quem caberá a próxima jogada.