
Foto: Evaristo Sa/ AFP
Por Moisés Mendes
Daqui a pouco será o segundo sábado depois da derrota do fascismo. Depois, será o o terceiro domingo.
Mas é estranha essa sensação de incompletude, porque o fascismo continua no governo.
Não é um adversário político derrotado, um adversário normal, é uma excrescência ainda no poder.
É o que explica esse aperto no peito, porque eles perderam e continuam aí, como se ainda tivessem o que desfazer.
Numa democracia, seria normal, seria o tempo da transição. Mas não na nossa anormalidade.
Uma aberração humana e política foi derrotada, com tudo o que representa, mas ainda nos desgoverna pelo ócio e pelo ódio que mobilizam seus patriotas.
Temos que esperar mais um pouco, até que a sensação de vitória não seja só uma sensação pela metade.
Nunca uma semana teve tantos dias. O tempo poderia andar mais rápido, só agora, e acelerar as segundas, as terças, as quartas,
as quintas, as sextas, os sábados e os domingos que nos faltam até a libertação plena.
Que nas próximas semanas, só nas próximas, seja possível saltar de segunda para quinta e de quinta para terça, até o dia 2 de janeiro, quando estaremos livres e teremos governo e mais força para comemorar.