Desde que a dependência química de Fábio Assunção veio à tona, seu nome virou sinônimo de drogas e curtição inconsequente: o ator se tornou um meme vivo compartilhado milhões de vezes na internet.
Apreenderam um carregamento de cocaína com a foto dele, que funcionava mais ou menos como selo de qualidade – a zoeira, percebam, não perdoa nunca. Fabricaram máscaras com o rosto dele, que viraram febre nas festas rave, e fizeram até uma música que leva o seu nome.
A música interpretada pelo cantor Gabriel Bartz e gravada também pela banda La Fúria já promete ser um dos grandes hits do carnaval: “Hoje eu vou beber/ Hoje eu vou ficar locão/ Hoje eu vou virar/ O Fábio Assunção.”
O ator nunca se havia se manifestado sobre os memes, mas, ao tomar conhecimento da existência da música, entrou em contato com o intérprete para o seguinte acordo: reverter os direitos autorais para a instituições de apoio a dependentes químicos.
Fofo.
Ele usou as redes sociais pra se manifestar sobre o caso:
“Eu não endosso, de maneira nenhuma, essa glamourização ou zueira com a nossa dor. Minha preocupação é com quem sente na pele a dor de ser quem é. Com as suas famílias”, escreveu.Lembrem que o Fabão aqui respeita a zueira, ama a brincadeira, mas quer vocês bem e vivos! Fortes, felizes e conscientes de seus atos e de suas vidas”
Eis, aliás, uma boa oportunidade para olharmos para a dependência química com mais seriedade e sobretudo com mais empatia. Não é papo careta – eu mesma que o diga -, é redução de danos e solidariedade à dor do outro, que nunca fizeram mal a ninguém.
A atitude de Fábio Assunção certamente não busca a caretização de uma zoeira qualquer: a glamourização da dependência química é real e olhar pra isso com respeito não significa sustentar um discurso careta e antidrogas, significa atentar-se para um problema que, como reforçou Fábio, atinge 15% da população mundial, e é (alguém duvida?) uma questão de saúde pública.
No vídeo, o ator fez questão de frisar, ainda, que “não censurar é diferente de deixar de conscientizar.”
“É muita gente sofrendo por não conseguir controlar suas compulsões (…). Todo mundo começa do mesmo jeito. Achando que tudo bem. E pode não terminar tudo bem. Decidimos tornar essa história um ato propositivo de ajuda a quem precisa e de conscientização”, finalizou.
O meme é ótimo, eu confesso. E usaria, se não doesse a consciência – mas, melhor do que a zoeira sem fim, é saber que existem pessoas dispostas a fazerem algo pelos outros.
Fábio Assunção poderia ter se ofendido com a música, feito textão no facebook, processado os intérpretes ou curado a raiva em uma noitada, mas optou por reverter a situação em conscientização e solidariedade.
Um dia eu vou virar o Fábio Assunção: exemplo de sensatez e empatia.