
Com a popularidade do clã Bolsonaro em queda e Jair Bolsonaro fora da disputa de 2026, líderes da extrema direita tentam sustentar uma teoria sem base para negar o favoritismo do presidente Lula (PT) nas pesquisas eleitorais. Com informações de Bela Megale, em O Globo.
O argumento, amplamente repetido por aliados, é o de que o presidente teria atingido um suposto “teto” de aprovação — tese que ignora os dados mais recentes e busca minimizar o crescimento do petista entre os eleitores.
Levantamentos feitos em outubro por institutos ligados a partidos de direita apontaram um aumento de cerca de cinco pontos percentuais na aprovação de Lula, um dos maiores já registrados nesses grupos. O avanço surpreendeu aliados de Bolsonaro e consolidou o atual presidente como líder isolado na corrida presidencial.
Apesar disso, dirigentes dessas legendas afirmam que os números não geraram “pânico” e justificam o resultado dizendo que Lula enfrenta uma rejeição alta, semelhante à da família Bolsonaro.
A tese do “teto” e a realidade dos números
Segundo essa narrativa, Lula teria atingido o limite de sua popularidade e encontraria o mesmo obstáculo que atinge os Bolsonaro. A comparação, porém, não se sustenta.
O levantamento mais recente da Quaest mostrou Lula à frente em todos os cenários para 2026, com 51% de rejeição. Já os índices da família Bolsonaro são significativamente maiores: Eduardo Bolsonaro aparece com 68%, seguido por Jair Bolsonaro, inelegível, com 63%, e Michelle Bolsonaro, com 61%.
A tentativa de igualar os números, portanto, é uma distorção dos fatos.
Tarcísio de Freitas e o desgaste acelerado
Outro ponto levantado por aliados bolsonaristas é a aposta em Tarcísio de Freitas como alternativa viável contra Lula, sustentando que sua rejeição de 41% seria “menor” que a do presidente. Mas o dado desconsidera um fator central: o governador de São Paulo viu sua rejeição subir de 32% para 40% em apenas seis meses, além de ainda ser considerado “desconhecido” por 33% dos brasileiros.
À medida que se tornar mais conhecido, especialmente por seu vínculo com o bolsonarismo, tende a herdar parte dessa rejeição elevada.

Direita tenta conter o avanço de Lula
Pesquisas encomendadas por partidos de direita já vinham mostrando melhora no desempenho de Lula desde julho, após o anúncio do tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros.
O embate com o presidente norte-americano fortaleceu o petista, que consolidou sua imagem de defesa da soberania nacional. O resultado desmonta a narrativa bolsonarista e reforça que, mesmo entre seus adversários, o favoritismo de Lula é reconhecido — ainda que negado por teorias sem fundamento.