A torcedora

Atualizado em 14 de junho de 2013 às 12:44
Stamford Bridge

Não é que a vida seja melhor em Londres que em São Paulo.

Ela apenas é mais fácil.

Considere.

Estava voltando para casa de metrô, depois do almoço. Vejo uma mulher de uns 50 anos com um cachecol rosa do Chelsea. Estava sozinha. Deduzi que ela estava indo para o Stamford Bridge, o estádio do Chelsea. Perguntei para ela a que horas era o jogo e contra quem. Era às 4 da tarde e contra o Manchester City.

Vi a hora.

Eram 15h28. Um minuto depois, o metrô chega à estação de Fulham Broadway. A torcedoria caminharia mais uns cinco minutos dali até o estádio. Ali, uma cadeira estaria à sua espera. Ninguém se sentaria nela. Era meio gorda ela. Patusca, como gostava de escrever Nelson Rodrigues. No intervalo, provavelmente comeria um sanduíche em algum lugar do Stamford Bridge. Quem sabe dois. Retornaria depois à sua cadeira sem sustos.

Ela jamais encontraria um invasor em seu assento. E nem veria arruaceiros como aqueles torcedores do Palmeiras que xingavam o goleiro do próprio time contra o Fluminense — o pior campeão brasileiro da história —  porque ele estava fazendo boas defesas. Nem teria que suportar bandoleiros como aqueles torcedores do São Paulo que contra o mesmo Fluminense foram ao estádio para cuidar que os jogadores entregassem vilmente a partida para os adversários.

Terminado o jogo, ela apanharia o metrô e no máximo em uma hora estaria em casa. Poderia antes, imagino pelo porte físico, parar num restaurante da Fulham Broadway Station e comer uma pizza na Express ou um frango assado apimentado no Nando’s.

Agora compare com a saga que é ir a um jogo em São Paulo.

Não, não é que a vida seja melhor em Londres que em São Paulo.

Ela apenas é mais fácil.