A tortura vem em seu “pacote”, Moro? Por Fernando Brito

Atualizado em 8 de outubro de 2019 às 10:38
Sergio Moro Foto: Sergio Lima / AFP

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Não abriu investigação, muito menos afastou, preventivamente, os comandantes da Força Tarefa de Intervenção Penitenciaria que mandou ao Pará para cuidar dos presídios do Estado.

O que o Ministério da Justiça fez, diante da denúncia de 17 dos 28 procuradores do MPF no Pará – denúncia acatada pela Justiça – contra o coordenador designado por Sérgio Moro para coordenar a ação da FTIP, Maycon Rottava de que os presos estavam sofrendo violências que iam, segundo narra O Globo, do empalamento à perfuração dos pés dos presos por pregos? (E poupo o leitor dos chocantes relatos dos presos que o jornal menciona)

Simplesmente disse que está tudo certo e nem mesmo falou em apurar a denúncia:

— Acho que as bases que levaram à propositura desta ação não estão corretas. Tenho absoluta crença de que, assim que os fatos forem totalmente esclarecidos, esta questão vai ser resolvida. A intervenção levou disciplina para dentro dos presídios, disse Moro, em nota do Ministério.

O que Moro chama de disciplina é descrito assim pelos próprios agentes prisionais paraenses, gente acostumada à brutalidade das prisões e insuspeita de qualquer parcialidade em relação aos detentos:

“Havia tortura? Havia sim, mas era pontual, isolado. Depois da intervenção federal, é generalizado. Os servidores não estão conseguindo dormir. Os gritos ficam na nossa cabeça”, disseram funcionários do governo do Pará que atuam nas prisões. “Não é questão de apreço, de gostar dos presos, é uma questão de humanidade. Parece que fizeram uma seleção de psicopatas, e deram o direito a eles se regozijarem nos presos”.

Bem, não se pode dizer que em matéria de psicopatas com poder os agentes de Sérgio Moro estejam sozinhos.