A troco de quê Haddad se lança à Presidência agora? Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 5 de fevereiro de 2021 às 16:40
Gilberto Maringoni e Fernando Haddad. Foto: Reprodução/Blog da Boitempo/Site do PT

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

A TROCO DE QUÊ HADDAD SE LANÇA À PRESIDÊNCIA AGORA?

Poucas iniciativas poderiam ser mais fora de hora e lugar do que o ambíguo pré-lançamento da candidatura presidencial de Fernando Haddad. A história, segundo o inimitável 247, surgiu de uma conversa com o ex-presidente Lula. A ambiguidade está numa postulação condicionada à possibilidade legal de Lula ser ou não candidato.

Cabe perguntar: a que se deve o insólito anúncio diante de quase 230 mil mortos pela pandemia e da acachapante derrota sofrida pela oposição nas eleições para a direção do Congresso Nacional? Qual o projeto de Fernando Haddad para o Brasil? O que ele pensa do auxílio emergencial? O que ele pensa da questão do emprego? Da indústria? Da organização do Estado? Do papel dos militares? Do futuro?

Difícil saber. Ao longo de dois anos, o ex-prefeito manteve coluna semanal na Folha de S. Paulo, na qual desdobrava-se num esforço continuado para não tocar no mundo real.

O pré-lançamento é manobra diversionista para as oposições e cria arestas ao debate conjunto de ações, alianças e rumos para o país. Dissemina a ideia de que tudo o que o PT tem a propor diante da hecatombe é fugir de 2021 e pensar em 2022. Desvia atenções, num ano que se afigura dificílimo para o povo brasileiro.

Para Bolsonaro, o lançamento vem a calhar. O boçal passa a ter à disposição um alvo visível para suas investidas criminosas em lives e conversas no curral da entrada do Palácio.

O pré-lançamento é desserviço de primeira para a oposição democrática. Tomara que integre o conjunto de fake news que nos rodeia cotidianamente.