
O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou nesta segunda-feira (25) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seria a “única saída” para o ex-presidente Jair Bolsonaro evitar uma condenação no processo sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A declaração foi feita durante um debate do grupo Esfera Brasil, em São Paulo, e trouxe críticas diretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes. Para Valdemar, o julgamento marcado para 2 de setembro representa uma “guerra”.
“Isso é uma guerra e eu não acho que o Trump vai perder essa guerra, é minha opinião. O Trump é a única saída que nós temos, não temos outra. Porque quando o poder judiciário se comporta dessa maneira é a pior coisa que existe para todo o país. Por quê? Porque você não tem para quem recorrer”, disse o dirigente partidário.
Ele lembrou que, em julho, o presidente dos EUA já havia criticado o julgamento de Bolsonaro ao anunciar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, classificando o caso como uma “caça às bruxas”.
Durante o evento, Costa Neto relatou viver um momento inédito em mais de 40 anos de carreira política. “Nunca passei pelo que estou passando. Nunca assisti a nada, nesse período de 40 anos que estou na política, como o que está acontecendo no Brasil agora. É uma perseguição constante com o Bolsonaro”, afirmou.
Ele reforçou que o apoio a Moraes dentro do Judiciário deixaria o ex-presidente brasileiro isolado: “Esse é o nosso problema: todos estão apoiando o Alexandre de Moraes, a maioria. Então, nós só temos uma chance: o Trump. Não temos outra”.
Segundo Valdemar, a proximidade entre Bolsonaro e Trump vem do carisma pessoal do ex-presidente brasileiro e da lealdade política demonstrada nas eleições americanas de 2020. “O Trump gosta do Bolsonaro porque quando ele perdeu eleição [em 2020], o Bolsonaro foi o último presidente a reconhecer a vitória do Biden. Além disso, ele conquistou pessoalmente, como ele conquista todo mundo com um carisma pessoal que ninguém tem”, declarou.
O presidente do PL também negou que Bolsonaro tenha participado do planejamento da tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 ou de um suposto plano de assassinato contra Alexandre de Moraes.
“Oito de janeiro não foi golpe. Eles inventam essa história de que foi golpe de um bando de pé de chinelo quebrando as coisas. Aquilo não foi golpe. Um bando de pé de chinelo… Lá tinha um monte de gente gritando ‘não quebra, não quebra’. Eles dizem que aquilo foi golpe para dizer que houve golpe”, afirmou.
Na mesma linha, minimizou as acusações de conspiração para matar o ministro do STF. “Você pode planejar um assassinato e, desde que não faça nada, não pode ser condenado. Você pode planejar um golpe e não fez nada… Ninguém fez nada. Tentaram ‘ah, vamos matar o Alexandre [de Moraes]’. Fizeram? Fizeram. Tentaram? Fizeram alguma coisa? Não fizeram…”, declarou.
O julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus pela tentativa de golpe terá início no dia 2 de setembro, com sessões previstas também para os dias 3, 9, 10 e 12. O processo se concentra no núcleo acusado de articular o planejamento da ruptura institucional.
Atualmente, Bolsonaro está inelegível e cumpre prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares, em investigação que apura, entre outros pontos, supostas ações de coação contra autoridades brasileiras. No mesmo evento, o governador de São Paulo, Tarcísio, defendeu que o próximo presidente tenha o perfil de Juscelino Kubitschek, que levou o slogan “50 anos em 5” para a história.
Tarcísio afirmou que o Brasil precisará de alguém capaz de fazer “40 anos em 4”, em uma fala interpretada como referência à eleição de 2026. Ele também comparou os momentos políticos de Getúlio Vargas e JK, afirmando que o país precisa de liderança visionária para superar as atuais turbulências.