A velha direita de Macri é engolida pelo novo fascismo de Milei em Buenos Aires. Por Moisés Mendes

Atualizado em 19 de maio de 2025 às 21:44
Presidete da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente Mauricio Macri. Foto: Reprodução

A eleição que renovou 50% da assembleia distrital de Buenos Aires iniciou o fim do PRO, o partido Proposta Republicana, de Mauricio Macri, como força da velha direita na capital.

Eleitores ricos, a classe média, a elite empresarial e quase toda a direita macrista saltaram no colo de Javier Milei, como aconteceu em 2018 no Brasil com Bolsonaro e quase se repetiu em 2022.

É o começo do fim de Macri, para que Javier Milei ocupe seu lugar. O próprio Milei anunciou no domingo a morte política de Macri: “Você deve entender que seu tempo já passou. Macri está velho demais para algumas coisas e não entende mais”.

Outro detalhe importante: 47% dos eleitores da capital não apareceram para votar, e o voto na Argentina é obrigatório. Os pobres argentinos não querem saber de voto. Ficou fácil para a extrema direita.

Não há novidade no fato de que a lista do peronismo, liderada pelo candidato Leandro Santoro, tenha ficado em segundo lugar, com 27,4% dos votos, depois da lista de Manuel Adorni, do Liberdade Avança, partido de Milei, com 30,1% dos votos.

Os grandes derrotados foram o PRO de Milei e o próprio Milei, que obtiveram apenas 15,9%, com a lista liderada por Silvia Lospennato. Isso porque o macrismo manda ou mandava em Buenos Aires desde 2007. Macri foi prefeito da capital por duas vezes.

Protestos na Argentina contra as medidas de Javier Milei. Foto: Emiliano Lasalvia/AFP

Seu primo, Jorge Macri, também do PRO, é o atual prefeito. O partido não venceu em nenhum dos 15 bairros da cidade. Já o peronismo há muito tempo não tem força em Buenos Aires, que é uma cidade autônoma, como Brasília.

A força do peronismo-kirchnerismo é na província, no Estado de Buenos Aires, governada por Axel Kicillof. Ele disputa com Cristina Kirchner o domínio do peronismo, e essa divisão é um dos problemas das esquerdas.

O grande teste para Milei e para o peronismo será em outubro, quando as eleições parlamentares acontecerão na província. Se Milei vencer também nas cidades da província, o que ainda parece difícil, aí a vaca foge com a corda e não há mais o que fazer.

Com outro detalhe destruidor: o partido do fascista criador de criptomoedas foi fundado em 14 de julho de 2021. O partido Justicialista, do peronismo, faz 80 anos em 2026. E o PRO de Macri tem 20 anos.

Parece surpreendente, mas não é, que Milei tenha vencido a eleição em briga com Macri, para assumir a liderança também da velha direita, e que tenha dito ao ex-presidente que não precisa mais dele, mesmo que tenha sido seu parceiro na eleição de 2023. É o extremismo se livrando do velho líder da direita.

E agora? Ser acontecer o que aconteceu aqui, com o fim de Serra, de Aécio e do tucanismo e a adesão de Alckmin a Lula, Milei pode se adonar do espólio do ex-presidente morto.

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Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/