A lista de Janot, pelo que se sabe dela até agora, tem desde já uma virtude: provocar queixas à direita e à esquerda.
Parece ser um sinal de que Janot escapou da “partidarização” em seu trabalho, ao contrário do juiz Sérgio Moro.
A direita reclama de Janot porque ele não fez um trabalho para matar o PT. A grande nostalgia conservadora é o Mensalão, um circo cujo objetivo era massacrar o PT em praça pública.
Porta-vozes da direita saíram chutando Janot. Reinaldo Azevedo, na Veja, disse que tudo começava “muito mal”. Merval Pereira, no Globo, comprou a tese de Renan e Eduardo Cunha de que eles estariam na lista para beneficiar o governo.
Merval parecia esquecer que os dois, Renan e Cunha, foram citados pelos delatores como alvos de propinas. Para Merval, lista boa é lista com petista, e vamos ficando por aí.
Janot não é um heroi da direita, e isso é animador.
A esquerda, ou parte dela, ficou frustrada quando surgiu a notícia – não confirmada – de que Aécio escapara.
Segundo se disse, Janot entendeu não haver contra ele indícios suficientes para levar adiante uma investigação.
Tudo ponderado, há motivos de otimismo.
No Mensalão, houve uma caçada ao petismo disfarçada, grosseiramente, de “combate à corrupção”.
Estava tudo dominado: a mídia e, por meio dela, os juízes do Supremo, que sob a liderança desastrosa de Joaquim Barbosa produziram barbaridades como a Teoria do Domínio do Fato, pela qual foi possível condenar sem provas.
Agora, as bases parecem estar firmes para que se combata verdadeiramente a corrupção – sem que os conservadores comandem as ações e escolham, criteriosa e cinicamente, as vítimas das sentenças.
Entre o Mensalão e o Lava Jato, o Brasil avançou – para desalento da direita e suas múltiplas vozes alojadas nas grandes empresas de jornalismo.