
Quatro dias após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciar que foi escolhido por seu pai para disputar a presidência em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deixou claro que não pretende apoiar a candidatura do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em um encontro com aliados no Palácio dos Bandeirantes, ele declarou que seu foco é a reeleição, reafirmando que sempre teve a intenção de disputar o governo paulista novamente, sem se envolver diretamente nas movimentações partidárias relacionadas à candidatura de Flávio.
Durante o evento, o governador passou mais de uma hora ouvindo as demandas de prefeitos do interior de São Paulo, e, entre um pedido e outro, comentou que a escolha do senador para suceder o ex-presidente Jair Bolsonaro nas urnas não o havia surpreendido nem decepcionado.
De acordo com interlocutores, o governador não pretende se envolver em negociações partidárias que favoreçam o projeto dele, preferindo, por ora, aguardar para ver se a pré-candidatura do senador será viável.
A postura do governador contrasta com a declaração do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, que, no dia anterior, sugeriu que a decisão sobre o candidato da centro-direita não deve ser unilateral.
“Essa decisão deve ser construída para que consigamos unificar todo o campo político da centro-direita, porque, se não, não vamos ganhar a eleição”, afirmou Nogueira, citando Tarcísio e Ratinho Jr. como possíveis nomes capazes de unir a direita.

O governador, ao ser questionado por correligionários, destacou que sua família é contra a ideia de disputar a presidência. Ele também ressaltou que seu perfil é diferente de outros políticos e que, nos finais de semana, prefere dedicar-se à sua esposa e filhos, longe dos compromissos partidários.
Essa declaração distoa do discurso do senador, que, dois dias após sua nomeação como pré-candidato, chamou ele de “o principal nome do nosso time” para a disputa presidencial de 2026. Apesar de sua postura de cautela, Tarcísio deixou claro, em conversa com jornalistas, que sua lealdade com Bolsonaro é “inegociável”.
“O Flávio vai contar com a gente, ele tem uma grande responsabilidade agora”, afirmou o governador, reforçando sua ligação com a família Bolsonaro. Ele também mencionou outros nomes da oposição, como Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Jr., todos considerados “extremamente qualificados” para a disputa.
O governador de São Paulo também comparou sua postura atual com a de sua participação nas eleições municipais de 2024. Em um movimento mais ativo, ele se dedicou a apoiar a reeleição de Ricardo Nunes à prefeitura de São Paulo.
Ele não só deu suporte à candidatura de Nunes como também trabalhou para unir partidos em torno da reeleição do prefeito, uma atuação reconhecida pelo próprio prefeito de São Paulo, que destacou o esforço do governador em impedir o apoio de Bolsonaro a outro nome, como o de Pablo Marçal.