A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) enviou uma planilha com a lista de números monitorados pelo órgão durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal em 11 de abril deste ano. A espionagem ocorreu por meio de software israelense adquirido em 2018. A informação é da Folha de S.Paulo.
A lista foi enviada por meio de um pen drive e os arquivos continham o número de telefone, o caso a que ele estava relacionado e até o nome de algumas pessoas que utilizavam os aparelhos.
Nos bastidores, agentes da Abin afirmam que jamais se negaram a atender pedidos da PF ou a ordens do Judiciário e que, por isso, não seria necessário fazer busca e apreensão contra membros do órgão. Os documentos mostram que houve um envio frequente de informações da agência para investigadores.
Na última sexta (20), a PF realizou operação em inquérito que apura a suspeita de que a agência usou o programa FirstMile para monitorar ilegalmente a localização de pessoas durante o governo Bolsonaro. Os alvos incluíam jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente.
A Abin ainda encaminhou à PF o nome dos 35 servidores do órgão que tinham algum tipo de acesso à ferramenta. Foram entregues à corporação um total de 11 notebooks que eram usados para rodar o software.
O repasse dos nomes foi feito em 24 de março, uma semana depois da Polícia Federal abrir inquérito para investigar a suspeita de uso ilegal do programa. O pedido dos nomes foi feito pelo delegado Daniel Carvalho Brasil nascimento e a resposta é assinada pelo número 2 da Abin, Alessandro Moretti.
Os computadores com o FirstMile foram enviados para a perícia da PF entre junho e julho deste ano. Segundo agentes da Abin, os computadores foram formatados após descontinuidade do uso do programa, em maio de 2021, mas os dados foram preservados em um servidor e encaminhados posteriormente à PF.