Acabaram com o futebol

Atualizado em 14 de julho de 2013 às 13:04

Dá um nó na garganta pensar que não poderei mostrar ao meu filho o mundo mágico que meu pai me apresentou.

Garrincha e o velho futebol
Garrincha e o velho futebol

O texto abaixo foi publicado no Facebook da revista Vaidapé. O autor é Pedro Rodrigues.

Tentei escrever isso aqui mil vezes. Apaguei, escrevi de novo, apaguei, escrevi de novo. Parece que nada fica bom. Acho que qualquer coisa quando mexe com o coração é difícil de botar pra fora. Parece que sempre está ruim…

Hoje eu estava vendo as matérias de esporte do dia, hábito que partilho com milhões de brasileiros, quando me deparei com a manchete: “Maracanã: Consórcio veta bambus de bandeira e torcedores em pé e sem camisa”.

Facada no peito!

Uma notícia que estava ali, no cantinho da página, botou em xeque todo um sonho de vida.

Desde que eu me entendo por gente tenho lembranças do cimento no estádio, do picolé derretendo na roupa, da bateria da torcida dando o ritmo do coração.

Se em jogos “normais” a arquibancada era o meu sofá, nos dias das finais o ombro do meu pai era minha cadeira. Quantos momentos passamos juntos, eu agarrado em sua cabeça e ele segurando meu pé para que eu não caísse para trás.

Ali, com menos idade que dedos na mão, tive os momentos mais felizes da minha vida.

Não precisávamos de conforto ou mordomia. Não queríamos qualquer tipo de luxo. Não trocaríamos aquilo ali por nada.

Infelizmente, porém, desde que me entendo por gente, tem outra coisa muito importante. O dinheiro manda no mundo. Milhares de pessoas viveram e morreram tentando mudar isso, mas lamentavelmente não conseguiram. Os empresários venceram os heróis.

O futebol é só mais um exemplo disso.

Dá um nó na garganta pensar que não poderei mostrar ao meu filho o mundo mágico que meu pai me apresentou.