O canal do YouTube Foco do Brasil, usado para apoiar Jair Bolsonaro, está sendo anunciado para venda após a derrota do ex-presidente nas urnas. O perfil, que tem 2,9 milhões de inscritos e tinha acesso privilegiado à área interna do Palácio da Alvorada durante a gestão anterior, está parado desde outubro do ano passado. A informação é do jornal O Globo.
O canal foi alvo de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou sua desmonetização por divulgação de “notícias falsas ou gravemente descontextualizadas” durante as eleições. Segundo o processo, os donos do Foco do Brasil recebiam até US$ 67 mil por mês com anúncios na plataforma.
O perfil bolsonarista ainda é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura a divulgação articulada de notícias falsas na internet. Após o corte dos recursos, o canal demitiu seus apresentadores e se sustenta por meio de assinaturas mensais, que variam de R$ 7,99 a R$ 19,99.
O Foco do Brasil teve uma queda de 155,5 mil visualizações em outubro, quando Bolsonaro foi derrotado, e vem perdendo assinantes desde então. O dono do canal, Anderson Azevedo Rossi, diz que o colocou à venda no fim de 2022 e que “não recebe e nunca recebeu nenhum recurso financeiro de políticos, empresários ou quem quer que seja”.
Outros canais bolsonaristas têm perdido visualizações após a decisão do TSE contra o Foco do Brasil. São os casos da Folha Política, Dr. News e Brasil Paralelo. Fora do YouTube, outros sites que apoiam o ex-presidente tiveram queda: Jornal da Cidade Online (JCO), Pleno News e Revista Oeste.
Entre eles, o JCO é o que tem maior público e teve a queda mais alta com a mudança no governo: foram sete milhões de visualizações no mês de abril, pior desempenho registrado nos últimos anos, já que tem uma média mensal de 9,7 milhões de usuários.
A desmonetização do site foi imposta pelo TSE em 2021 após ataques ao sistema eleitoral. O site tem vendido camisetas que pedem o impeachment de Lula e pedido contribuições de leitores ao fim de cada texto: “O TSE quebrou as nossas pernas. (…) O sistema conseguiu o que queria: calou todas as vozes conservadoras. Estamos sobrevivendo com muita dificuldade”.
O Brasil Paralelo, por sua vez, mantém força mesmo após a derrota. Só neste ano, a plataforma bolsonarista gastou cerca de R$ 2,9 milhões com anúncios.
Outro site afetado com sanções da Justiça é o Terça Livre, do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Ele teve a prisão preventiva ordenada por Alexandre de Moraes, mas está foragido nos Estados Unidos.