Acabou o repertório de Moro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 21 de janeiro de 2020 às 19:03

Sergio Moro expôs no Roda Viva o truque que pretende usar para sobreviver. Se continuar na mesma batida, fazendo o papel de ex-juiz, pelo menos não será comido tão cedo.

Não precisa tentar ser menos pior do que já é, porque pode estragar tudo. É a opção pelo mingau requentado da Lava-Jato.
E assim deve se conduzir até a campanha à eleição de 2022, se conseguir se firmar como uma opção da direita ou, o que é mais provável, da extrema direita.
Mas a vida do ex-juiz não está fácil. Moro confirmou na entrevista que é limitado. Tenta, mas não consegue ter um discurso que o apresente como alternativa política ao que está aí e se mostra cansado com o próprio discurso de caçador de corruptos.

Moro já fez seu número e dá sinais de que não tem repertório. Canta a mesma música, cada vez mais desafinado, mas é o que tem a oferecer. Talvez porque, se tentar algo diferente, menos simplório, possa ser desmascarado.

O professor Renato Janine Ribeiro escreveu no Facebook, depois do Roda Viva, que, se a esquerda não reagir, “Moro ganha as eleições hoje e nos tempos próximos”.

É provável que o ex-juiz se mantenha, ainda por um bom tempo, como a melhor opção da direita, segundo as pesquisas. Mas o que o Roda Viva expôs é que, se for para uma campanha, o chefe da Lava-Jato talvez não aguente o bombardeio de questões que não consegue responder, como a convivência mansa e pacífica com corruptos do governo denunciados formalmente, com adoradores do nazismo e com investigados por ligações com milicianos.

Uma coisa é ser entrevistado, com um certo excesso de cordialidade (foram raras as réplicas às bobagens que o ex-juiz dizia), outra é ser jogado na arena de uma campanha com cachorros grandes.

Moro é o Tony Tornado da direita. Só canta uma música, sempre com a mesma dancinha. Mas Tony Tornado sempre teve imposição vocal.