
A Associação de Ex-Alunos da Academia Militar dos Estados Unidos em West Point — uma das instituições de ensino militar mais prestigiadas do país, responsável pela formação de oficiais do Exército — cancelou a cerimônia que entregaria um prêmio ao ator e ativista pelos veteranos Tom Hanks. A justificativa oficial foi de que a academia deveria concentrar-se em preparar futuros oficiais para a guerra, após uma série de controvérsias políticas envolvendo o governo Trump neste ano.
O prêmio em questão era o Sylvanus Thayer Award, concedido a um “cidadão notável” que não tenha frequentado West Point, mas que possua um histórico de serviço exemplar, alinhado ao lema da academia: “Dever, Honra, Pátria”. A cerimônia estava marcada para 25 de setembro.
Hanks, de 69 anos, foi anunciado como homenageado em junho, em reconhecimento por sua atuação em filmes como “O Resgate do Soldado Ryan”, “Forrest Gump” e “Greyhound”, além de sua produção das minisséries da Segunda Guerra “Band of Brothers” e “The Pacific”. Ele também teve papel ativo na criação de memoriais em Washington e Nova Orleans.
Segundo e-mail interno obtido pelo Washington Post, o presidente da associação, coronel aposentado Mark Bieger, explicou que a decisão de cancelar o evento visava reforçar o foco da academia em sua “missão central de preparar cadetes para liderar, lutar e vencer como oficiais da força mais letal do mundo, o Exército dos Estados Unidos”. O comunicado, no entanto, não esclareceu se Hanks ainda receberá a honraria em outro formato.
A mudança ocorre em um contexto de alterações na instituição após medidas tomadas por Donald Trump. Desde janeiro, o presidente determinou a revisão de programas ligados à diversidade, equidade e inclusão nas forças armadas. Também houve cancelamento de disciplinas, dissolução de grupos estudantis — como a “Sociedade Nacional de Engenheiros Negros” e o “Clube Cultural Latino” — e a anulação da nomeação da especialista em cibersegurança Jen Easterly, ex-funcionária das administrações de Joe Biden e George W. Bush. Mais recentemente, West Point recolocou em sua biblioteca um retrato de 6 metros do general confederado Robert E. Lee, que havia sido retirado em 2022.
Ex-alunos e veteranos questionaram a decisão de cancelar a homenagem a Hanks, afirmando não haver resistência significativa à entrega do prêmio. Para o pesquisador Jason Dempsey, também formado em West Point, o caso ilustra como figuras respeitadas para o meio militar podem ser descartadas por não estarem “alinhadas com prioridades político-partidárias do momento”.