Ação contra “gatonet” tira do ar milhares de sites e aplicativos piratas no país

O avanço das operações contra a pirataria digital no Brasil e na América Latina derrubou centenas de plataformas ilegais de streaming nos últimos dias, reforçando o cerco ao chamado “gatonet”. Desde quinta-feira (27), duas ações distintas retiraram do ar 558 serviços, além de bloquear centenas de sites usados por milhões de assinantes. Com informações do G1.

A ofensiva mais ampla ocorreu no Brasil, com a oitava fase da Operação 404 — liderada pelo Ministério da Justiça —, que bloqueou 535 sites e 1 aplicativo de streaming.

Desde 2019, a operação combate conteúdos que violam direitos autorais. Paralelamente, uma investigação na Argentina derrubou 22 aplicativos piratas, como BTV e Red Play, somando-se a outros 14 apps desativados no início de novembro.

Segundo a Alianza, associação que reúne empresas contra a pirataria audiovisual, esses aplicativos tinham mais de 6,2 milhões de assinantes, dos quais 4,6 milhões eram brasileiros.

Estrutura milionária e atuação internacional

As plataformas eram acessadas principalmente via TV boxes e aparelhos de IPTV. Com o bloqueio, usuários recorreram ao ReclameAqui, mas o Procon-SP lembra que clientes desses serviços não possuem direito a reembolso, pois pagam por conteúdo ilegal.

A investigação argentina revelou uma operação sofisticada: escritórios que pareciam empresas legítimas, com setor de Recursos Humanos e cerca de 100 funcionários, foram alvo de buscas. Os investigados cobravam até US$ 5 por mês (R$ 27), movimentando mais de US$ 150 milhões por ano (R$ 800 milhões).

A denúncia partiu da Alianza, que aponta o país como base para negócios que atingiam Brasil, México, Equador e África do Sul. A parte técnica dos serviços estava hospedada na China, o que dificultou a desativação dos sistemas.

O que é a Operação 404

A Operação 404 — nome inspirado no “erro 404” — já derrubou mais de 3 mil sites e aplicativos em fases anteriores. Na etapa mais recente, houve 44 mandados de busca e apreensão, 4 ordens de prisão preventiva e 3 prisões em flagrante, com apoio das Polícias Civis de 15 estados, Anatel, Ancine e autoridades da Argentina, Equador, Peru e Reino Unido.

O Ministério da Justiça afirma não manter a lista completa dos sites e aplicativos bloqueados; as informações ficam com as Polícias Civis e os órgãos judiciais de cada estado. A operação da Argentina, por sua vez, chegou a uma relação de 36 aplicativos que saíram do ar.