Ações das Havaianas disparam 3% após boicote de bolsonaristas

Atualizado em 23 de dezembro de 2025 às 17:18
Fernanda Torres em propaganda para a Havaianas. Foto: Divulgação

As ações da Alpargatas, controladora das Havaianas, estão em forte alta nesta terça-feira (23), recuperando as perdas de 2,4% registradas no dia anterior devido à polêmica envolvendo sua última campanha publicitária. Por volta das 15h, os papéis da companhia avançavam 3,5%, cotados a R$ 11,85.

A queda das ações no dia anterior foi impulsionada por um boicote, incitado por políticos bolsonaristas nas redes sociais, que poderia afetar as vendas da marca durante um período de baixa liquidez nos mercados.

O aumento desta terça-feira (23) se soma a uma alta acumulada de mais de 80% nas ações da Alpargatas em 2025, refletindo os resultados positivos após a reestruturação da marca. A polêmica teve início com a campanha de fim de ano estrelada pela atriz Fernanda Torres, que gerou críticas de apoiadores da direita.

Na propaganda, Fernanda declara que “não deseja que o público comece 2026 com o pé direito, mas com os dois pés”, o que foi interpretado como uma mensagem política, especialmente devido ao contexto eleitoral do próximo ano. Veja o comercial:

A reação de políticos como Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira associou a frase ao alinhamento ideológico da marca, considerando o momento político sensível. Em resposta, o filho do ex-presidente publicou um vídeo nas redes sociais descartando um par de Havaianas e afirmando que começaria o ano “com o pé direito, mas não de Havaianas”.

A acusação de ideologia política foi reforçada por críticas à escolha de Fernanda Torres, especialmente por sua vitória no Oscar em 2025, com um filme que retrata a luta contra a ditadura militar no Brasil, algo que aumentou a percepção política da campanha.

A Alpargatas, no entanto, não emitiu um comunicado oficial sobre o episódio. Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, o impacto da polêmica será de curto prazo. “Já vimos isso acontecer outras vezes com empresas que tiveram exposição política, como Smartfit e Magazine Luiza”, afirmou.

Ele destacou que, em períodos de baixa liquidez no mercado, uma notícia negativa pode causar oscilações maiores, mas é improvável que isso afete a empresa a longo prazo. Por outro lado, o impacto da controvérsia no varejo foi imediato.

A loja Calçados Guarani, de Brusque (SC), esgotou rapidamente o estoque de chinelos da Havaianas, colocando-os à venda por R$ 1. A loja anunciou em suas redes sociais que, devido à “provocação da marca com a população conservadora”, deixaria de vender Havaianas por tempo indeterminado.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.