Julian Assange faz acordo com a Justiça dos EUA e sai da prisão

Atualizado em 24 de junho de 2024 às 21:32
O jornalista e ativista Julian Assange. Foto: Daniel Leal-Olivas/AFP

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, firmou um acordo com a Justiça dos Estados Unidos nesta segunda-feira (24) para se declarar culpado em acusações de espionagem, conforme informaram promotores em documentos judiciais americanos.

Após semanas de negociações, Assange se declarou culpado nesta semana por violar a lei de espionagem dos EUA. O acordo permitirá que Assange seja libertado da prisão no Reino Unido nos próximos dias e retorne para a Austrália, seu país de origem.

Assange admitiu a culpa em uma acusação criminal de conspiração para obter e divulgar documentos classificados de defesa nacional dos EUA, conforme registros no Tribunal Distrital dos EUA para as Ilhas Marianas do Norte.

Os EUA queriam julgar Assange por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010 sobre atividades militares e diplomáticas americanas, especialmente no Iraque e Afeganistão. Ele poderia ser condenado a até 175 anos de prisão se fosse extraditado para os EUA.

Julian Assange é o fundador do Wikileaks. Foto: REUTERS/Axel Schmidt

Liberdade

Em vídeo divulgado na noite desta segunda-feira (24) a esposa do ativista informou sua soltura: “Julian está livre!!! Palavras não podem expressar nossa imensa gratidão a vocês, sim, vocês, que mobilizaram-se por anos e anos para tornar isso realidade. Obrigado, obrigado, obrigado. Siga o Wikileaks para mais informações em breve…”

Vazamentos

Um dos materiais vazados por Assange incluía um vídeo mostrando soldados americanos executando 18 civis de um helicóptero no Iraque. Outros documentos revelavam assassinatos de civis, incluindo jornalistas, e abusos cometidos por autoridades dos EUA e de outros países.

Como algumas das informações vazadas incluíam identidades de pessoas que cooperavam com os militares no Oriente Médio, autoridades americanas alegaram que os vazamentos colocavam vidas em risco.

Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA descreveu os vazamentos do WikiLeaks como “um dos maiores vazamentos de informações confidenciais na história dos Estados Unidos”.

O advogado de Assange, Edward Fitzgerald, afirmou no tribunal que seu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum de obter e publicar informações confidenciais, verdadeiras e de interesse público importante.

Clair Dobbin, advogada representando os EUA, argumentou que Assange publicou nomes de pessoas que atuaram como fontes de informação para os Estados Unidos.

Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou inicialmente o pedido de extradição para os Estados Unidos. Contudo, uma apelação americana fez com que, em dezembro de 2021, a Justiça britânica revertesse a decisão inicial, abrindo caminho para a extradição até o julgamento desta semana.

No início de 2022, os EUA tiveram um novo pedido de extradição negado pela justiça do Reino Unido, que alegou risco de suicídio de Assange.

Recurso contra extradição

Em maio, Julian Assange foi autorizado pelo Tribunal Superior de Justiça de Londres a apresentar um recurso contra o pedido de extradição para os Estados Unidos, sua última chance de evitar a extradição.

A decisão da corte ocorreu semanas após os juízes britânicos solicitarem mais informações ao governo americano sobre o caso, sendo considerada uma nova vitória para Assange.

Assange poderia ser condenado a 175 anos de prisão nos Estados Unidos caso fosse enviado ao país. A Justiça dos EUA deseja julgá-lo por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010 sobre atividades militares e diplomáticas americanas, especialmente no Iraque e Afeganistão.

Prisão na Inglaterra

O fundador do WikiLeaks estava preso na Inglaterra desde 2019, após passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que posteriormente foram retiradas.

Antes do julgamento, a esposa de Assange alertou sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos.

“A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, afirmou Stella Assange no fim de maio.

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