Adivinhe quem está dominando a ‘Copa do Mundo da Educação’

Atualizado em 12 de junho de 2013 às 19:37
Estudantes de Xangai nas provas do Pisa

 

Pisa.

Já ouviu falar?

São uma espécie de Copa do Mundo da educação. A cada três anos, desde 2000, alunos de dezenas de países fazem uma prova. São três os tópicos:  compreensão de texto, matemática e ciências. Os estudantes devem ter 15 anos. Quem promove a competição é a OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Baseada na França, a OCDE é composta de 34 países, e sua missão, como o nome diz, é melhorar a vida das pessoas.

Nas primeiras edições do teste, a China não participou. Na última, sim. Não nacionalmente, mas por meio de algumas cidades.

O que aconteceu?

Xangai ficou em primeiro nas três categorias, para espanto dos responsáveis pelo teste. Outras cidades chinesas foram excepcionalmente bem.

Numa viagem pela China, os organizadores notaram uma coisa. Mesmo nos centros mais pobres, os prédios mais modernos são escolas. “No Ocidente, são shopping centers”, disse um alto funcionário da OCDE.

O desempenho do Brasil no Pisa tem melhorado, mas continuamos a parecer um aluno burro. Ficamos, da última vez, na 53.a colocação entre pouco mais de 60 países. Os medidores de avanço social do Brasil são simplesmente ridículos.

Um especialista chinês em educação disse o óbvio: o extraordinário sucesso da China no Pisa deriva do confucionismo. Confúcio, um filósofo de 2500 anos venerado pelos chineses, afirmou que um dos três pilares de uma sociedade sábia é a educação dos jovens. (Os outros dois: respeito aos velhos e lealdade aos amigos.) Outros países asiáticos em que o confucionismo é ainda vivo estão também no topo no Pisa: Japão, Coréia do Sul e Singapura são alguns deles.

Vivemos o Século Chinês. Por que ele não veio antes? Porque a China no sécula 19, altamente desenvolvida socialmente mas sem nenhuma força militar, foi estuprada pelas potências ocidentais. Os ingleses – que por conta dos constantes conflitos com os franceses eram exímios na arte de guerrear — obrigaram a China, em duas guerras, a aceitar o comércio do ópio que produziam na Índia. O ópio – cujo consumo era proibido na Inglaterra – foi a resposta predadora e imoral que o império britânico encontrou para equilibrar a balança comercial com os chineses. (Os ingleses consumiam uma alta quantidade de chá, seda e porcelana da China.) Não bastasse o ópio, os britânicos ainda tomaram Hong Kong, só devolvida depois de mais de cem anos.

A China passou o século passado se recuperando da predação ocidental. Confúcio foi central na retomada chinesa, muito mais que Deng Xiaoping, o líder comunista que instou há 30 anos os chineses a enriquecerem. Deng, sem Confúcio, não seria nada. Confúcio, sem Deng, não perde nada.

A sorte fundamental da China é que um dia nasceu ali um certo Confúcio. O resto é apenas consequência.