Administração de Bruno Covas ameaça de despejo espaço cultural da periferia

Publicado na Rede Brasil Atual

Com justificativas “pouco claras”, na avaliação dos agentes culturais do Cita, prefeitura quer fechar espaço que há 10 anos é um reconhecido ponto de cultura.
Foto: Divulgação

O Espaço Cultural Cantinho de Integração de Todas as Artes (Cita), no Campo Limpo, zona sul da cidade de São Paulo, corre o risco de despejo. O reconhecido ponto cultural há quase 10 anos abriga diversos coletivos. Realiza também eventos e oficinas gratuitas que promovem o conhecimento, a arte e o desenvolvimento econômico, em um espaço que, antes de sua chegada, estava abandonado pelo poder público. Mas a prefeitura de São Paulo quer fechá-lo sob justificativas “pouco claras”. Como denunciam os agentes culturais à repórter Dayane Ponte do Seu Jornal, da TVT.

No início de outubro, a subprefeitura do Campo Limpo disse ter recebido uma denúncia de invasão do local por pessoas em situação de rua. Ao ver que a denúncia não procedia, a subprefeitura passou a alegar que o espaço operava em situação de risco e que uma ordem de despejo do espaço cultural seria recebida para desocupação em 15 dias.

“Ele alegam cupim, que tem que demolir tudo. Enfim, que seria necessário demolir tudo para reconstruir algo novo”, comenta o produtor cultural Mario Matos Graça Júnior, conhecido como Junin. A abertura do processo, no entanto, segundo ele é baseada “em cima de uma mentira”. “É um absurdo falar que a gente não está aqui. Esse laudo a gente não sabe quem fez, como fez, não assinamos nada. E ficamos sabendo que foi lavrada a interdição do espaço pelo nosso advogado, porque ninguém nos trouxe um documento para assinar ou avisando que ‘olha, daqui 15 dias vocês precisam sair daqui e se defender’”, afirma o produtor.

Campanha #ficacita

Com coletivos de teatro, dança, música, maracatu e permacultura, o espaço cultural Cita já recebeu diversos prêmios. E atualmente abriga ainda um baobá, árvore nativa da África, de extrema importância da cultura iorubá e que se tornou patrimônio cultural da cidade.

Em nota, a prefeitura de São Paulo disse que a Secretaria Municipal de Saúde quer implantar um centro de testagem e acolhimento no terreno, voltado para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). O órgão afirmou que analisa um recurso do Cita que pede o aumento do prazo para desocupação do imóvel. Os agentes culturais, no entanto, estão mobilizados para continuarem no espaço. Além de um abaixo-assinado, que já possui mais de 5 mil adesões, eles também realizam uma mobilização online com hashtag #ficacita. “Através da pressão popular a gente acredita que vai conseguir ficar por aqui”, defende Junin.

Diario do Centro do Mundo

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