Adnet: “Se eu fizesse um B.O. a cada ameaça, teria de passar por delegacia todos os dias”

Atualizado em 11 de fevereiro de 2019 às 8:05

Em entrevista ao El País, Marcelo Adnet falou sobre o humor político, fake news e as ameaças que sofreu. Confira alguns trechos:

P. Você mesmo foi vítima de uma notícia falsa relacionada ao Bolsonaro, não?

R. Me atribuíram isso. Alguém fabricou um áudio e depois botaram minha cara, dizendo que o Adnet, a mando da Rede Globo, imitou o Bolsonaro. Nem era eu. Se fosse eu, faria algo completamente diferente. Diziam que era eu e que estava fazendo [a gravação] para não eleger o presidente. “Esse canalha, esse idiota desse Adnet”. E cá, para nós, era até uma imitação ruim. Eu fiquei chateado. Acharam que aquela era a minha? Que mal (risos). Aí, as pessoas vinham inflamadas por essa informação e até hoje me comentam. “Você quer prejudicar o presidente!”. Já recebi mensagem dizendo: “Vou te matar, vou te dar um tiro na cara quando vier na minha cidade”. Isso é muito virtual. Só duas vezes alguém veio falar bobeira para mim na rua. É algo muito mais virtual do que real. Mas pode se tornar real. É bem desagradável.

P. E como você reagiu a essa onda?

R. Eu expus a questão, disse que era crime, que não era eu que estava produzindo esse áudio falso. E sobre as pessoas que disseram que iam me dar um tiro na cara, eu entrei na Justiça contra elas.

“Para quem faz paródias e trabalha com humor é mais fácil falar de temas um pouco mais superficial e comuns a todos do que um tema tão espinhoso como a política”

P. Você registra boletim de ocorrência todas as vezes que recebe ameaças?

R. Não. Só nesse caso, se não ia dar muito trabalho, teria de passar por delegacia todos os dias. Eu vejo coisas que aconteceram comigo no passado e penso, “como eu não processei essa pessoa”. Realmente, eu fico na minha, deixo pra lá. Mas chegou em uma hora que é legal botar um limite. Dessa vez, eu acionei juridicamente.