
A deputada Antônia Lúcia (Republicanos-AC) tornou público, nesta terça (2), o fim de seu casamento com o também deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM). A parlamentar relatou ter sido traída e afirmou que o ex-marido agiu “como um garoto de 20 anos”. Em desabafo nas redes sociais, escreveu: “Imagina um idoso de 64 anos e que nem coração tem mais, mas usa marca-passo. Entre pitadas de cigarros eletrônicos na minha casa escondido há mais de um ano, venho sofrendo essas humilhações”.
O episódio marca uma nova polêmica na longa carreira política e religiosa de Silas Câmara, uma das figuras mais influentes do bolsonarismo entre líderes evangélicos. Pastor da Assembleia de Deus de Belém, ele atuou como articulador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) junto a igrejas pentecostais e esteve presente em agendas oficiais do ex-presidente, consolidando-se como um dos quadros mais próximos do núcleo religioso do governo.
Segundo Antônia Lúcia, o deputado tomou medidas formais para encerrar o casamento, como retirar a aliança e solicitar o divórcio em cartório. A parlamentar relatou ainda que o ex-marido se afastou dos familiares e que três dos quatro netos precisaram de atendimento psicológico.
“Ele esqueceu os mandamentos de Deus, esqueceu da família e do casamento comigo, e esqueceu meus quatro netos”, afirmou. Segundo ela, o pastor está há dez meses sem contato com as crianças. No fim da mensagem, escreveu: “Infiel e desmoralizado. Quem tiver mulher ou marido, cuidado com o pastor gatinho”.
Babado fortíssimo https://t.co/aNgRVyCkTl pic.twitter.com/7YrnzXj8xt
— jairme (@jairmearrependi) December 2, 2025
Religião e polêmicas
A trajetória de Silas Câmara ajuda a explicar o peso político do caso. Nascido no Acre, mas com carreira no Amazonas, ele cumpre seu sexto mandato consecutivo como deputado federal, iniciado em 1999. Ao longo das décadas, passou por diversos partidos, comandou a Frente Parlamentar Evangélica e, mais recentemente, assumiu a presidência da Comissão de Comunicação da Câmara, com mandato vigente até 2025.
Sua família controla a Rede Boas Novas de Televisão, um dos maiores grupos pentecostais do país, usado como vitrine política e religiosa de sua atuação.
A carreira de Silas, contudo, é acompanhada por inúmeras controvérsias. Em janeiro de 2024, o TRE-AM cassou seu mandato por captação ilícita de recursos e abuso de poder econômico nas eleições de 2022. Ele permanece no cargo enquanto recorre ao TSE.
Antes disso, firmou acordo de não persecução penal após confessar peculato em um caso envolvendo funcionários fantasmas. Também já foi acusado de falsificação de documentos, falsidade ideológica, uso de identidade falsa e irregularidades em convênios ligados à Fundação Boas Novas, que recebeu milhões em emendas parlamentares.
Além disso, Silas foi alvo de diversos inquéritos no STF relacionados a corrupção passiva, estelionato e fraude documental. Em 2014, teve o site oficial invadido por hackers que divulgaram denúncias contra ele. Mesmo diante dos escândalos, manteve apoio entre lideranças evangélicas e sobreviveu politicamente ao longo dos anos, consolidando-se como um dos nomes mais duradouros do conservadorismo religioso no Congresso.