Advogado da Casa Branca tentou vender um escândalo do filho de Biden para o Wall Street Journal

Atualizado em 26 de outubro de 2020 às 16:02
Hunter Biden e o pai Joe

O Wall Street Journal publicou um artigo na quinta-feira à noite sobre os negócios de Hunter Biden que terminava assim: “Os registros corporativos revisados ​​pelo Wall Street Journal não mostram nenhuma participação de Joe Biden.”

Na mesma noite, saiu um artigo de opinião que afirmava que o candidato democrata à presidência estava ciente e / ou envolvido nos empreendimentos comerciais de seu filho, cerca de 24 horas depois que o Breitbart News, site de fake news fundado por Steve Bannon, publicou uma declaração de um ex-sócio de Hunter Biden, Tony Bobulinksi.

Não era assim que os aliados de Donald Trump queriam que acontecesse, relata Ben Smith no New York Times.

No início de outubro, três homens ligados a Trump – Arthur Schwartz, relações públicas próximo de Donald Trump Jr; o ex-vice-conselheiro da Casa Branca Stefan Passantino; e Eric Herschmann, advogado da Casa Branca atualmente na folha de pagamento pública como “conselheiro sênior do presidente” – se encontraram em uma casa de McLean, Virginia, e apresentaram a história de Hunter Biden ao repórter do Wall Street Journal Michael Bender, relata Smith.

Bobulinksi telefonou e ofereceu-se para dar entrevista em on.

O trio deu a Bender um pacote de e-mails de Hunter Biden e encerrou a reunião “acreditando que o Journal iria explodir a coisa, e sua empolgação foi transmitida ao presidente”, que disse em uma teleconferência em 19 de outubro que uma “matéria importante” estava chegando no Wall Street Journal, relata Smith.

O Journal designou um grupo de repórteres para investigar as alegações, e Trump e seus aliados esperavam que seu artigo aparecesse naquele dia, disse a Smith o próprio Bannon.

“Os editores não gostaram da insinuação de Trump de que estávamos sendo preparados para fazer esse trabalho”, disse a Smith um repórter não diretamente envolvido na história.

Mas o Journal continuou trabalhando na matéria.

A essa altura, as coisas já tinham ficado “complicadas”. Rudy Giuliani, o advogado de Trump, entregou um pacote de documentos de procedência questionável – mas contendo alguns dos mesmos e-mails – ao New York Post, uma publicação irmã do Journal na empresa de Rupert Murdoch.

Giuliani estava trabalhando com Bannon, que também começou a vazar alguns dos e-mails para veículos de direita.

A alegação complicada de Giuliani de que os e-mails vinham de um laptop que Hunter Biden havia abandonado e sua recusa em permitir que alguns repórteres examinassem o laptop lançaram uma nuvem sobre a história.

Trump tentou levantar esse tema no último debate.

Mas, para quem não acompanha o esgoto das fake news, não fazia sentido o que ele estava falando. A história que sua equipe esperava que mudasse a campanha hoje sobrevive apenas em sites cascateiros.