O advogado Bruno Castro, que defende o ex-policial militar Ronnie Lessa, afirmou que seu cliente sabe quem é o responsável por mandar matar Marielle Franco mas nunca havia manifestado interesse em fechar um acordo de delação premiada. Segundo o defensor, ele acreditava que sua família poderia correr riscos se delatasse.
“A única coisa que ele me disse, há uns dois ou três anos, é que ele sabia quem tinha matado a Marielle. Mas afirmou que, se falasse, a família dele morreria”, relatou à Folha de S.Paulo. O advogado ainda afirmou que desconhece o acordo de delação premiada e que deixará a defesa do ex-PM quando for comunicado oficialmente.
Lessa está preso desde 2019 e começou a negociar a colaboração premiada no fim de 2023. Bruno afirma que não atua em acordos de delação “por ideologia jurídica”. “Acho que ele nunca comentou [sobre fazer a delação] por saber que meu escritório não faz esse tipo de acordo”, prosseguiu.
O também ex-PM Élcio Queiroz, preso junto de Lessa e apontado como condutor veículo utilizado durante o atentado contra Marielle, fechou um acordo de colaboração no ano passado e trocou de advogado sem comunicar sua defesa original. Ele foi transferido após a delação, passando do presídio federal de Brasília para o Complexo Penitenciário da Papuda, também no Distrito Federal.
Ele também se preocupava com a segurança de familiares e, por isso, solicitou que seus parentes tivessem a segurança reforçada após o acordo de colaboração.
Lessa está no presídio federal de Campo Grande (MS) e não teve contato com o advogado desde que as especulações sobre sua colaboração com a Polícia Federal começaram a ser noticiadas. Castro diz que ainda não fez uma solicitação para se comunicar com o cliente. “Acredito que ele tenha mais a explicar à família do que ao advogado”, completou.