Advogado de Vorcaro já defendeu desembargadora que mandou soltá-lo

Atualizado em 1 de dezembro de 2025 às 15:10
Daniel Vorcaro, CEO do Banco Master. Foto: Divulgação

O mesmo escritório de advocacia que hoje defende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, atuou anteriormente na defesa da desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal (TRF-1), em um caso de suspeita de fraude. Foi justamente ela quem revogou a prisão do banqueiro e de outros investigados na sexta (28).

Em 2010, uma auditoria interna da Associação dos Juízes Federais da 1ª Região identificou 45 contratos de empréstimos simulados envolvendo a FHE/Poupex, somando R$ 6 milhões. O relatório apontou prejuízo superior a R$ 20 milhões, uso indevido de dados de magistrados, contas de terceiros e repasses considerados suspeitos. Entre os signatários estavam ex-presidentes da entidade, incluindo Solange Salgado.

No ano seguinte, 40 magistrados solicitaram abertura de investigação disciplinar. O corregedor Cândido Ribeiro instaurou processo administrativo e registrou indícios de contratos fraudulentos. A punição disciplinar imposta à desembargadora foi posteriormente anulada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por falta de quórum, sem que as conclusões das auditorias fossem alteradas.

Durante o processo, Solange foi representada pelo escritório Bottini & Tamasauskas Advogados, de Pierpaolo Bottini. Dois integrantes da banca, incluindo o próprio defensor, figuram agora no caso de Vorcaro, investigado por fraude financeira na Operação Compliance Zero.

Na esfera criminal, o TRF-1 rejeitou por unanimidade uma denúncia contra Solange referente à venda de uma sala comercial em 2010. O Ministério Público Federal alegava que a operação teria sido usada para quitar dívidas de magistrados com a FHE/Poupex, mas apenas a denúncia contra Moacir Ramos foi aceita.

A desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal (TRF-1). Foto: Reprodução

Solange também chegou a ser denunciada por suposta apropriação de valores vinculados a empréstimos feitos em nome de juízes que desconheciam as operações.

Formada em 1985, foi promotora em Minas Gerais, defensora no Rio de Janeiro e juíza estadual antes de ingressar na Justiça Federal em 1992. Atuou no TRE do Maranhão, no TRE-1 e ocupou funções administrativas no Distrito Federal. Também lecionou em instituições de ensino do Maranhão e de Brasília.

No caso do Banco Master, Solange inicialmente manteve a prisão preventiva dos investigados. Depois, avaliou que a viagem internacional de Vorcaro estava justificada e que não havia risco concreto de fuga, substituindo a prisão por medidas cautelares. A decisão permitiu a libertação do executivo no sábado.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.