Advogados de Bolsonaro vão depor à PF ao mesmo tempo; entenda

Atualizado em 26 de junho de 2025 às 17:38
O ex-presidente Jair Bolsonaro e Paulo Bueno, um de seus advogados. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Polícia Federal agendou para a próxima terça (1º) os depoimentos dos advogados investigados por possível obstrução de justiça no julgamento da trama golpista. Paulo Bueno e Fabio Wajngarten, que representam o ex-presidente Jair Bolsonaro, e Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara, ex-assessor presidencial, serão ouvidos na Superintendência da PF em São Paulo, todos no mesmo horário.

Segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo, a estratégia foi adotada pela Polícia Federal para evitar que os depoentes combinem versões entre si, garantindo maior integridade ao depoimento. A oitivas foram agendadas a pedido de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

A ordem foi dada após Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, dizer à PF que advogados e membros de seu círculo próximo tentaram coletar dados de sua delação, o que configuraria uma tentativa de obstrução da justiça.

“Fábio Wajngarten, Paulo Bueno e Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz tentaram convencer familiares do declarante para que trocasse de defesa técnica”, afirmou Cid à PF, na terça (24). Aliados de Bolsonaro relataram surpresa com o fato de os casos só serem revelados dois anos depois.

Paulo Bueno e Fabio Wajngarten, advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Gabriela Ribeiro Cid, esposa do tenente-coronel, prestou depoimento à PF e revelou que chegou a gravar uma conversa com Wajngarten entre agosto e setembro de 2023, mas apagou o arquivo posteriormente. Segundo ela, os ex-chefe da Secom tentava fazer o marido trocar de advogado.

 “Resolvi apagar por sentir que não estava fazendo o correto entregando uma pessoa que, inicialmente, estava querendo ajudar. Pensei que estaria agindo de má fé com a gravação”, alegou.

A mãe de Cid, Agnes, também revelou à PF que foi procurada pelo advogado Eduardo Kuntz três vezes entre agosto e dezembro de 2023. Ela descreveu essas abordagens como “constrangedoras”, sugerindo que havia uma pressão para que seu filho trocasse de advogado e concentrasse todas as teses dos defensores na mesma linha.