Aécio é uma pândega.
Ele fala coisas que nada têm a ver com o que ele próprio faz.
Na campanha, como um papagaio passou a usar a palavra “meritocracia”. Ora, Aécio jamais praticou a meritocracia. Encheu o governo de Minas de parentes, amigos e assemelhados. A eminência parda de suas gestões foi, meritocraticamente, sua Andrea, aquela que dava dinheiro público de publicidade oficial para a mídia amiga e sufocava à míngua a mídia independente.
Sua própria trajetória é a negação da meritocracia: Aécio ganhou tudo de bandeja – de empregos a votos – por ser integrante de uma oligarquia mineira.
Bem, fiel a sua tradição de falar coisas absurdas, ele agora declarou, em tom acusatório e olhando para Dilma, que há muita instabilidade no Brasil.
Ora, ora, ora.
O nome da instabilidade é Aécio. Ele vem promovendo acintosamente instabilidade no país desde que saíram os resultados da eleição em que ele foi derrotado.
Aécio esteve à frente de todas as manobras sujas para contestar o desejo do povo expresso nas urnas. Ele já começou renegando os números e exigindo recontagem.
Quer dizer: os votos que elegeram Alckmin eram limpos, mas os que deram um segundo mandato a Dilma eram sujos.
Daí para a frente, Aécio não parou mais de estimular instabilidade pelo país. O terceiro turno se tornou uma obsessão sua, uma coisa mesquinha, patológica, alimentada pelos coronéis da mídia e abençoada por FHC.
Se Aécio fizer um exercício reflexivo sobre quais foram suas atividades no ano que se encerra, uma linha será suficiente. Ele fez um terceiro turno.
Nem a direita venezuelana, um exemplo mundial de predação e exclusão, chegou aos extremos de Aécio, FHC e cúmplices.
Aécio e FHC, somados e misturados, viraram um Frankstein que você pode batizar de Carlos Lacerda.
Lacerda passou a vida destruindo democracias e votos dos brasileiros. Recebeu a merecida resposta do destino depois do golpe militar pelo qual ele tanto se bateu. Ele queria que os militares derrubassem Jango e lhe dessem de bandeja a presidência.
Terminou cassado, e morreu do amargor de ver o colapso de seus planos sórdidos. Passou para a história como um corvo, como um conspirador impenitente, como um inimigo do povo e de suas escolhas.
Getúlio Vargas, para cujo suicídio ele tanto contribuiu, é uma figura de extraordinário relevo na história nacional. É merecidamente reconhecido como o presidente que construiu um Brasil novo, no qual greves, sindicatos e questões sociais já não eram mais “caso de polícia”, para usar a infame expressão de um antecessor de GV.
Aécio receberá da história a justa resposta. Será lembrado como um golpista, um demagogo que fala em democracia ao mesmo tempo que a sabota de todas as maneiras possíveis.
Aécio usar a palavra instabilidade para promover sua causa suja é o mesmo que Nero apontar para as chamas de Roma e bradar contra o incêndio.
Como Lacerda, e como Nero, o lugar de Aécio – e de seus comparsas como FHC – já está garantido no panteão dos inimigos da democracia.
Estivéssemos em 1964, ele estaria rastejando de quartel em quartel — as vivandeiras dos bivaques como celebrememente se referiu o general Castelo Branco aos civis que pediam aos generais que depusessem Jango.
Aécio não é mais nem menos que isso: uma vivandeira modelo 2015.