Aécio Neves não aumentou patrimônio; o ocultava. Por Fernando Brito

Atualizado em 13 de março de 2018 às 8:36

Publicado no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Reportagem sobre Aécio na Folha de S.Paulo. Foto: Reprodução/Folha

Diante da revelação de que Aécio Neves teria triplicado seu patrimônio desde 2014, feita hoje pela Folha, dois comentários são relevantes.

O primeiro é que, de fato, é muito provável que Aécio não tenha “triplicado” seus bens, mas apenas corrigido em parte o que, antes, era ocultado, por razões eleitorais.

Não é, diga-se a seu favor, algo raro. As propriedades empresariais em sistema de cotas sobre o capital social e a não tributação sobre o recebimento de lucros e dividendos – que, como a jabuticaba, só existe no Brasil – cria um completo descompasso entre o que é a receita auferida pelo trabalho (salários) e a obtida pelo capital.

Além do que, como se vê  em outros “tucanocasos”, o patrimônio empresarial é, na verdade, pessoal, embora em nome da empresa. Ou não são assim os jatinhos de Luciano Huck e João Doria Jr, comprados com dinheiro do BNDES.

Além do mais, a operação em questão – venda de cotas da Rádio Itatiaia, em prestações, à sua própria irmã parece muito mais destinada a proteger a concessão das consequências políticas de ter “sujado a barra” para o senador mineiro.

O segundo ponto é que parece haver caroço embaixo deste angu, sobretudo porque a guerra surda dentro do PSDB segue de vento em popa.

Ontem mesmo se noticiava como a recusa de Antonio Anastasia em concorrer ao Governo de Minas atrapalhava os planos de Geraldo Alckmin. Anastasia, como se sabe, é criatura de Aécio, que mantém (será?) uma candidatura ao Senado para, nitidamente, bloquear qualquer outra que possa impedir negociações futuras. Aécio sabe que, embora não impossível sua eleição, a candidatura senatorial é risco acima de sua capacidade de bancar.

Ah, mas foi vazamento…

Por favor, estamos calvos de saber como e por que vias ocorrem os vazamentos policiais e judiciais.