Agro e mercado financeiro abandonam clã Bolsonaro na corrida presidencial em 2026; entenda

Atualizado em 1 de dezembro de 2025 às 11:18
Governadores de direita participam da abertura da 70ª Festa do Peão de Barretos. Foto: Alisson Demetrio/Divulgação

Setores do agronegócio e do mercado financeiro já discutem alternativas à direita para 2026 e rejeitam uma candidatura do clã Bolsonaro, priorizando nomes capazes de dialogar com o campo e garantir previsibilidade econômica, conforme informações do Globo.

Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) até 2060 e sua prisão, entidades do agro passaram a considerar como principais opções os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR), avaliando quem teria maior capacidade de proteger políticas para o setor.

A avaliação é que Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho Jr. despontam como opções viáveis, com peso especial para Caiado e Tarcísio pelo trânsito nos setores produtivos.

A “chapa dos sonhos” do agro, segundo representantes, incluiria um desses quatro com Tereza Cristina como vice. Para Tirso Meirelles, presidente da Faesp, Caiado “é uma pessoa que conhece muito o setor”, ainda que Tarcísio seja bem avaliado em São Paulo.

Já Antônio de Salvo, da Faemg e do Senar, aponta que o apoio do agro irá para quem tiver maior viabilidade política — hoje, Tarcísio e Zema.

A preocupação central do campo é encontrar um candidato com “plano de nação”, capaz de enfrentar a dívida pública crescente, o impacto do tarifaço de Trump — que fez o Brasil perder US$ 5 bilhões em exportações — e o aumento dos custos de produção.

Mercado financeiro mira estabilidade e rejeita família Bolsonaro

No setor financeiro, o nome mais citado é Tarcísio de Freitas. Gestoras e analistas defendem compromisso com estabilidade fiscal, previsibilidade institucional, reformas e privatizações. “Não há espaço para alguém da família Bolsonaro sair como candidato porque a rejeição seria muito forte”, afirma Rodrigo Marcatti, da Veedha Investimentos.

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Flávio, Jair, Eduardo e Carlos Bolsonaro. Foto: Reprodução

Mesmo afirmando que buscará a reeleição em São Paulo, Tarcísio deixou margem para interpretações ao dizer: “Eu quero fazer parte do time, não importa a posição que eu vou jogar”. O mercado reagiu positivamente — o Ibovespa subiu 1,70% após sua fala.

Fabio Murad, da Spacemoney, diz que a inelegibilidade de Bolsonaro “já estava incorporada aos preços”, e agora o interesse é identificar o nome mais competitivo da direita. Daniel Teles, da Valor Investimentos, avalia que a fala recente de Tarcísio “foi vista como sinalização mais forte” de que ele pode concorrer.

Resistência do bolsonarismo ainda trava consolidação

Nos bastidores, executivos reconhecem que Bolsonaro e sua família seguirão como peças centrais na articulação da direita — o que mantém incertezas sobre a capacidade de Tarcísio de unificar o campo conservador.

Há avaliações de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) poderia herdar o espólio político do pai, embora líderes do mercado digam que “a família Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda” na escolha de um nome competitivo.

Apesar disso, executivos do sistema financeiro e lideranças do agro convergem numa leitura: a direita precisa de uma candidatura com viabilidade eleitoral nacional e diálogo amplo — um perfil que, por ora, Tarcísio e Zema cumprem melhor.