Ah, se todos fossem como a Pabllo Vittar, que rompeu com empresário bolsominion… Por Nathalí Macedo

Atualizado em 2 de setembro de 2018 às 15:03
A Pabllo Vittar. Foto: Reprodução

Pabllo Vittar – a cantora LGBTQ com fortuna avaliada em vinte milhões, sucesso nos palcos e na internet e maior alvo de Fake News que a sua tia te envia pelo WhatsApp – anunciou esta semana o fim de sua parceria com a marca de sapatos Victor Vicenzza.

O empresario manifestou apoio a Jair Bolsonaro em suas redes sociais.

“Acredito que Bolsonaro é o único candidato que apropriado para liderar a nação. Quero deixar claro minha opinião. Para que a minha, ou qualquer outra empresa, continue operando de forma sustentável, é necessário lutar contra todas as ideologias socialistas e comunistas que invadiram nosso país”, escreveu.

Ganhar dinheiro com o público LGBTQ e apoiar candidato homofóbico é muita cara de pau até para o brasileiro médio (alô, Nego do Borel!)

Pablo Vittar não precisa engolir esse tipo de desaforo – bicha rica é outro nível -, e não hesitou em romper com o empresário Bolsominion.

Ao anunciar o fim da parceria no Instagram, Pabllo fez um desabafo:

“Desde o início da minha carreira, sempre soube que seria muito difícil conseguir apoio de marcas que queriam se relacionar com uma artista LGBTQIA+ drag que sou. Muitas portas se fecharam, mas algumas se abriram e com isso trabalhei até então com parceiros que sou muito grata. Deixo aqui meu agradecimento de apoio até agora, mas não poderia aliar meu trabalho a um discurso que deixa claro não se importar com os diretos humanos de toda comunidade LGBTQIA+. da qual faço parte. Adianto que foram produzidos alguns trabalhos já finalizados e distribuídos digitalmente desse meu novo álbum, que contém peças de marcas que, a partir de agora, não vinculo mais a minha imagem.

Nossa luta pela igualdade, pelos direitos e pela diversidade da comunidade LGBT é muito dura para deixarmos qualquer pessoa/empresa usá-la para ganhar dinheiro e depois se voltar contra nós mesmos. Somos uma só comunidade, um só objetivo e um só coração. Um coração que abriga todas as cores, ritmos, estilos e cultura. Somos fortes e por isso temos que sermos espertos para não sermos usados em vão!

Vicenzza ganha dinheiro com o público gay, mas é um homofóbico enrustido, analfabeto político e toma água da privada.”

Se não for pra vencer no argumento, as bichas militantes nem postam no Instagram.

Aliás, os fãs de Pabllo chamariam isso de “pisão”. Eu chamo de sensatez. Quem quer ser acusadx de compactuar com o pink money – ato de ganhar dinheiro a partir da causa LGBTQ sem necessariamente assumí-la – diante da militância atenta do Século XXI?

O desabafo parece sincero, sobretudo. Diante da história de vida da Pabllo Vittar – que envolve bullying, homofobia e uma infância difícil – é fácil compreender o asco que a comunidade LGBTQ sente de gente que apoia Bolsonaro – porque é, na verdade, o mesmo asco que sentem todas as pessoas sensíveis e minimamente sensatas.

O recado da Pabllo é lúcido e ao mesmo tempo incisivo, como tem que ser: nenhuma minoria pode compactuar com uma figura como a de Bolsonaro ou manter relações com seus apoiadores, sobretudo profissionais.  Não há negociação possível com esse tipo de gente (empresário que vota em Bolsonaro mas ganha dinheiro com a causa LGBTQ nem é gente).

Dessa vez Pabllo Vittar realmente foi longe demais.

Vamos, tesouro, não se misture com essa gentalha.