Ahmed, 7 anos, é um soldado na guerra civil da Síria

Atualizado em 30 de março de 2013 às 10:11

A ONU proíbe que menores lutem, mas a realidade é outra entre os sírios.

Ahmed em ação
Ahmed em ação

O texto abaixo foi publicado, originalmente, no site Al-Arabiya.

Aos sete anos, Ahmed é um dos mais jovens soldados  na guerra civil brutal da Síria. Com a mão direita apoiada  numa AK47, a fumaça de cigarro saindo de sua boca,  ele está diante de uma barricada improvisada rebelde na cidade de Aleppo.

O fotojornalista Sebastiano Piccolomini  fotografou a criança em sua segunda viagem para a Síria desde que o presidente Bashar al-Assad se viu sob intensa pressão para renunciar.

Ahmed é filho de um integrante do Exército Livre, e ajuda a operar uma barricada construída para proteger os rebeldes de franco-atiradores no bairro de Salahadeen. Apesar de sua tenra idade, Ahmed desempenha um papel ativo na guerra civil síria.

De acordo com a ONU, o envolvimento de crianças com menos de 18 anos em hostilidades  é ilegal. “Grupos armados não devem recrutar ou utilizar,  em qualquer circunstância,  pessoas com idade inferior a 18 anos.”

As chances de recrutamento infantil aumentam quando os menores estão longe de casa e sem possibilidade de estudo.  Pressões econômicas, culturais, sociais e políticas podem levar meninos e meninas aos combates.

Este fenômeno está ocorrendo em todo o país.  A organização  internacional Human Rights  entrevistou no final do ano passado várias crianças que afirmaram estar envolvidas na guerra síria.

Majid, um garoto de 16 anos de Homs, foi um dos entrevistados. Ele disse que participara de missões para os rebeldes sírios. “Eu carregava uma Kalashnikov e atacava soldados do governo para tomar as armas”, afirmou. “Me ensinaram a atirar e a desmontar e montar uma arma.”

Majid disse que se juntou aos rebeldes por sua própria vontade. Mesmo assim, o direito internacional afirma claramente que o envolvimento de crianças em guerra é proibido.  A proibição inclui atividades como sabotagem ou espionagem,  bem como o uso de crianças como chamarizes ou mensageiros .

Apesar das situações perturbadoras que enfrentou, Piccolomini, italiano de 26 anos,  lembra com carinho o tempo que passou na Síria. “Quando você está na linha de frente, é muito fácil se relacionar com aqueles que o rodeiam,” disse ele ao jornal New York Times.

Suas imagens marcantes, que  expuseram as ruínas de Aleppo e capturaram o aspecto humano da guerra, tiveram repercussão internacional.

Piccolomini usa uma frase provocativa do filósofo escocês David Hume para justificar sua decisão de cobrir a guerra civil da Síria: “A razão é, e sempre deve ser, escrava das paixões.”