Ai Weiwei

Atualizado em 27 de maio de 2013 às 15:43
Ai Weiwei num auto-retrato

Que Ai Weiwei tem sido usado sobretudo na mídia americana para fazer propaganda contra a China é um fato.

Ele é um artista plástico cuja projeção internacional está mais vinculada à política do que à arte em si. É  um crítico contumaz do regime chinês. Você quer publicar ataques à China? Basta entrevistar Ai Weiwei. Jornais, revistas, emissoras americanas fazem isso mais do que o talento dele, por si só, recomendaria que fizessem.

Ai – na China o sobrenome vem primeiro — fala mais do que deveria, provavelmente por uma mistura de ingenuidade e vaidade. “Quando penso em certas coisas que disse, sinto inveja dos mudos”, escreveu um sábio da Antiguidade. Ai deveria ter uma placa com essa frase em seu ateliê.

Tudo isso considerado, é um absurdo o governo chinês prendê-lo. A mensagem não poderia ser pior. O regime chinês já anunciou que, com o milagre econômico alicerçado, é tempo agora de deslocar o foco das reformas da economia para a política. Isso significa, no final da linha, oferecer às pessoas a possibilidade de discordar do governo sem que estejam sujeitas a visitas da polícia.

Num editorial sobre o caso, o Global Times, jornal chinês vinculado ao poder, disse que a China não vai deixar de agir como deve apenas por causa das críticas ocidentais. Mas é um erro monumental de cálculo imaginar que a prisão de Ai Weiwei não desperte ainda mais repulsa entre os próprios chineses do que no Ocidente. Os protetos no mundo árabe deixaram claro que estes são tempos de liberdade, liberdade e ainda liberdade.

A China na economia se reinventou. Se não fizer o mesmo na política, será um gigante com pés de barro.