Foto aérea de Balneário Camboriú circula nas redes sociais. É uma aberração pós-apocalíptica. A faixa de areia está sendo alongada porque os prédios construídos na beira-mar destruíram o horário de sol.
A partir das 14h, a sombra toma conta dos banhistas.
Camboriú é uma versão piorada de Dubai, uma porcaria transformada em paraíso no deserto que virou sucesso à custa de muito jabá para revistas de turismo.
A cidade é uma das mais bolsonaristas da bolsonarista Santa Catarina. Deu ao sujeito 82% dos votos do segundo turno em 2018. A paisagem reflete essa feiúra humana.
Luciano Hang tem empreendimentos lá. Neymar comprou dois apartamentos num investimento de 12 milhões de dólares após ser notificado pelo Ministério Público e ter de adiar a “balada da virada” em Mangaratiba, na região da Costa Verde do Rio.
A grande atração hoje é a draga Galileo Galilei, com capacidade de 18 mil metros cúbicos em sua cisterna e que trará, segundo a prefeitura, “de 10 a 12 mil metros cúbicos de areia”.
O aterro vai custar 67 milhões de reais e tem previsão para ficar pronto em novembro. Os efeitos já aparecem: na semana passada, milhares de grandes conchas foram parar na orla.
“Eles [moluscos] poderiam já estar mortos. Nesse caso, o que foi dragado foi um banco rico em biodetrito. Caso ainda tenhamos sinais de moluscos [vivos], pode ter sido dragado um banco com uma agregação. Precisa ser verificado se é uma mortalidade recente ou se estamos falando de algo diferente”, disse o professor de Ecologia e Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina Paulo Horta.
É o sonho bolsonarista: destruir, espoliar para construir uma, duas, três “Cancúns brasileiras”. Com isso, BC vira a segunda praia do Brasil em termos de extensão, atrás somente da baleada Copacabana, no Rio de Janeiro.
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