Alckmin ataca Bolsonaro e isso é muito bom. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 27 de setembro de 2018 às 18:40
Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro. Foto: Agência Brasil/Fotos Públicas

Os ataques que Geraldo Alckmin tem feito a Jair Bolsonaro no horário eleitoral são excelentes. Mostram a misoginia, grossura e autoritarismo do celerado com fatos concretos, como a agressão à deputada Maria do Rosário e a uma repórter de TV. Ruim é a esquerda não disparar na mesma intensidade, em horário nobre.

Boulos não o faz pela absoluta exiguidade de tempo, embora seja o maior opositor do Mussolini de língua presa, e Ciro tem investido com força em outros espaços. Haddad se manifesta timidamente, até onde percebo.

ALGUNS PROTESTAM contra a campanha tucana nas redes. Gente de esquerda. Alckmin estaria sendo cínico ao se “apropriar” de uma bandeira “nossa”. Bobagem.

É muito bom que a luta contra o fascismo tenha se tornado tão hegemônica entre os setores democráticos que até parte da direita se veja constrangida a assumir o #elenão. O ex-governador paulista o faz por estrito cálculo eleitoral.

O anestesista de Pindamonhangaba sabe que a única maneira de carimbar seu passaporte para o segundo turno é disputar votos capturados por Bolsonaro. Para isso, carece mostrar outras credenciais para seu eleitorado. Ao mesmo tempo em que se contrapõe ao fascista, senta sem dó a lenha no PT. É do jogo. Cinismo é mercadoria em abundância nos processos eleitorais.

Não esqueçamos, o programa econômico do ex-capitão não difere muito do que o PSDB exibe como sacras tábuas da lei.

QUANTO MAIS AMPLA for a luta para se isolar a política do ódio, melhor. Não nos esqueçamos: na II Guerra Mundial, a antiga URSS se aliou a dois impérios – EUA e Grã-Bretanha – para derrotar o nazifascismo. Washington não havia renunciado de seus propósitos de dominação pela força em sua área de influência e a Ilha era comandada por um primeiro-ministro racista marcado por um anticomunismo primário. Jamais houve frente política tão ampla e tão definida. Não me recordo de Stálin ter reclamado de “apropriação” de bandeiras…

Pouco importam os desejos e motivações de Geraldo Alckmin. Se nessa batalha – a estrita contenda contra o fascismo -, ele se manifesta com boa posição, devemos exaltar. Difundir a ideia de “apropriação” de consignas, como fazem grupos identitários liberais, é desserviço a uma causa maior.

Nunca houve, no Brasil, uma corrente política com legitimidade de massas a pregar o fim da democracia. E que usasse da força bruta, do terror e da aliança com setores do judiciário, das forças armadas, dos meios de comunicação e do grande capital para se impor. Barrar o crescimento e o êxito da extrema-direita é vital não apenas para o Brasil. É vital para o mundo!

HÁ PAÍSES ATUALMENTE comandados por vertentes desse tipo: Ucrânia, Hungria, Polônia e Filipinas. É algo bárbaro, mas circunscrito a economias menores e contendas regionais.

A vitória eleitoral do fascismo no Brasil – 7a. economia mundial e 40% do PIB latinoamericano – é outra história. Encorajará forças similares em todo o continente e no Sul global. Impactará, como exemplo de intolerância, o planeta e servirá de laboratório para um pinochetismo finalmente eleito.

Saudemos, assim, esse específico ponto da campanha tucana. E torçamos para que toda a esquerda coloque no centro de seus objetivos a fundamental e urgente derrota do fascismo nas urnas! É a melhor maneira de se disputar hegemonia.

TODOS ÀS RUAS NO SÁBADO, 29!