
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o governo está “otimista” e que 238 produtos brasileiros foram retirados do tarifaço imposto pelos Estados Unidos e classificou a medida como “um passo importante” para melhorar a competitividade das exportações, especialmente de alimentos. Segundo ele, o anúncio da Casa Branca traz um clima mais favorável às negociações bilaterais.
O governo vê a decisão como um avanço após meses de tensões comerciais. A secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, explicou que a retirada das tarifas não resolve todo o problema. Ela afirmou que 22% das exportações brasileiras aos EUA seguem sujeitas às sobretaxas de 40%, enquanto outros 15% ainda enfrentam a tarifa adicional de 10%.
Por outro lado, 36% das vendas para os EUA já estão totalmente livres de tarifas extras, e 27% permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, que atingem siderurgia, alumínio e autopeças.
Com base nos US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024, o governo detalhou o impacto: US$ 8,9 bilhões ainda enfrentam tarifa de 40%, US$ 6,2 bilhões seguem com 10%, US$ 14,3 bilhões estão isentos e US$ 10,9 bilhões continuam afetados pela Seção 232. A retirada parcial anunciada por Trump representa uma redução de 37% na fatia das exportações brasileiras sujeitas ao tarifaço desde julho.

O governo também aponta que a parcela de produtos brasileiros totalmente livres de sobretaxas cresceu 42% desde o início da disputa comercial. O alívio foi mais perceptível para alimentos como carne e café, que dependem de competitividade de preço para manter espaço no mercado americano.
Apesar do avanço, a área industrial continua sendo a grande preocupação do Brasil nas negociações. O motivo é o alto valor agregado e o conteúdo tecnológico desse tipo de exportação, que tornam a substituição de mercados mais difícil. Produtos industriais costumam ser feitos sob encomenda e dependem de cadeias estabelecidas.
Alckmin e sua equipe lembram que mesmo setores estratégicos seguem taxados. A Embraer, por exemplo, continua enfrentando tarifa de 10% sobre aeronaves, o que afeta diretamente sua competitividade nos EUA.