Articulação de Alckmin como vice de Lula ficou irreversível. Por Helena Chagas

Atualizado em 23 de dezembro de 2021 às 11:02

Publicado no site Os Divergentes

Lula cumprimenta Alckmin
Lula e Geraldo Alckmin em foto de 2006.
(foto: Maurício Lima/AFP)

Por Helena Chagas

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, certamente irritado por ver seus planos em  São Paulo irem por água abaixo, acabou por consolidar a ida de Geraldo Alckmin para a vice na chapa de Lula na entrevista desta quarta à Folha. Ele deu por encerrada sua proposta de parceria com o ex-tucano em torno da disputa ao governo do estado. Com isso, o  casamento do PT com Alckmin agora parece irreversível, pelo PSB ou pelo Solidariedade, e esses partidos vão ter que resolver suas disputas em território paulista.

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Não foi só Kassab que percebeu que, após a repercussão do jantar oferecido pelo grupo Prerrogativas ao ex-presidente, a negociação com Alckmin parece não ter mais volta. A discussão mudou de patamar, e agora os críticos, dentro e fora do PT, analisam as vantagens e desvantagens dessa aliança. Quem olhou em volta, viu que, se a intenção de Lula era mostrar que pode dialogar com setores do establishment, já conseguiu.

A começar pela mídia. Os mesmos veículos que, dias antes, turbinavam a candidatura Sergio Moro,  abriram espaço ao jantar com o ex-governador de São Paulo – Alckmin e Lula ganharam sonoras até no Jornal Nacional. Também foi positiva a reação de setores do empresariado e do mercado, que leu junto a entrevista do petista Reuters falando em mercado consumidor e em reconstrução nacional.

Os petistas já trabalham com a hipótese concreta de ter Alckmin na chapa e apostam em sua capacidade de articulação para levar a Lula o apoio de setores do PSDB insatisfeitos com João Doria. Lembram que o ex-governador de SP tem grande trânsito no interior de estado e diálogo fácil com setores de seu ex-partido que se desentenderam com Doria. O ex-governador do Paraná, Beto Richa, a quem Doria queria expulsar do PSDB, é um dos que poderão acabar apoiando o petista. Até mesmo o mineiro Aécio Neves, computado como apoio de Jair Bolsonaro, pode ser levado por Alckmin a mudar de ideia.

Petistas ligados a Lula discordam da avaliação de pesquisas e de cientistas políticos de que o ex-governador de São Paulo pode não trazer tantos votos assim na eleição. Se Alckmin, que hoje tem cerca de 28% das preferências dos eleitores na corrida pelo governo paulista, transferir algo entre oito ou 10 pontos percentuais ao petista em SP, já terá sido um grande lucro – talvez suficiente para garantir a vitória de Lula no estado e, quem sabe, em primeiro turno no Brasil todo.

Nessa avaliação, os dez meses que ainda faltam para a eleição podem trazer o PSD de Gilberto Kassab à órbita da candidatura Lula-Alckmin. Entende-se que o ex-prefeito tenha ficado agastado por ver sua articulação atropelada e tenha decidido reafirmar sua posição de ter candidato a presidente. A possibilidade de uma vitória de Lula em primeiro turno, por exemplo, pode levá-lo a rever seus planos. E o próprio Geraldo Alckmin, em quem Lula aposta como articulador, pode liderar essa operação, importante sobretudo para garantir a  governabilidade num futuro eventual.

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