Alcolumbre trava nomeação de Messias e insiste em Pacheco no STF

Atualizado em 1 de novembro de 2025 às 11:18
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Foto: Reprodução

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem reforçado a defesa do nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), resistindo à pressão do Palácio do Planalto para aprovar o favorito do presidente Lula (PT), o advogado-geral da União, Jorge Messias, conforme informações da Folha de S.Paulo.

Segundo interlocutores, Alcolumbre tem dito a aliados e ao próprio presidente que não pretende trabalhar pela aprovação de Messias, alegando que seria uma “traição” a Pacheco, de quem é amigo próximo. A mensagem foi transmitida diretamente a Lula durante uma reunião reservada no dia 20 de outubro.

Nos bastidores, a avaliação de senadores é que o presidente do Senado não deve criar obstáculos, mas também não moverá esforços para favorecer o advogado-geral da União. Parlamentares descartam, contudo, que Alcolumbre vá repetir a estratégia usada em 2021, quando segurou por meses a sabatina de André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro.

Senado quer ex-presidente na Corte

Senadores de diferentes bancadas passaram a defender publicamente a indicação de Pacheco. A percepção predominante é de que o Senado teria, pela primeira vez, a chance de ver um ex-presidente da Casa no STF.

Um líder ouvido sob reserva afirmou que Lula nem sequer faria uma indicação agora se não fosse a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso.

Mesmo parlamentares que tendem a votar a favor de Messias reconhecem que não pedirão votos para ele. Segundo eles, há um movimento interno no Senado para fortalecer o nome de Pacheco, visto como uma escolha que “honraria a instituição”.

Pacheco adia decisão política em Minas

A indefinição sobre a vaga no Supremo tem levado Pacheco a adiar decisões sobre seu futuro político. Lula quer que o mineiro dispute o governo de Minas em 2026 para oferecer um palanque ao PT no segundo maior colégio eleitoral do país. Mas o PSD já lançou o vice-governador Matheus Simões, aliado de Romeu Zema (Novo), como pré-candidato.

Aliados afirmam que Pacheco não deve negociar filiação a outro partido antes da decisão de Lula. Um assessor próximo avalia que “o episódio pode ser usado como trunfo” para o Senado pressionar o Planalto a escolher o mineiro.

Lula ainda quer Messias, mas decisão foi adiada

Apesar da resistência do Senado, Lula mantém Messias como favorito para substituir Barroso no STF. O presidente, no entanto, decidiu adiar o anúncio após a conversa com Alcolumbre e pretende falar pessoalmente com Pacheco antes de oficializar a escolha.

Auxiliares do Planalto avaliam que a resistência entre os senadores pode diminuir após a indicação formal e que Messias está “sereno” diante das articulações políticas. A expectativa é que a definição ocorra ainda neste ano.

O presidente Lula (PT) e o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias. Foto: Reprodução