Álcool adulterado causa mortes e cegueira em SP; entenda

Atualizado em 29 de setembro de 2025 às 12:10
Jovens bebendo cerveja em festa. Foto: Reprodução

A Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO) divulgou um alerta sobre os riscos graves do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. A substância pode causar neuropatia óptica, doença que compromete o nervo responsável pela visão e pode levar à cegueira irreversível.

Em São Paulo, nove casos de intoxicação foram registrados em apenas 25 dias. Entre as vítimas, estão dois homens que morreram: um de 38 anos, em São Bernardo do Campo, e outro de 54 anos, na capital. Os episódios foram associados ao consumo de diferentes tipos de bebida, como gin, whisky e vodka, servidos em bares da região.

O metanol, também chamado de álcool metílico, é um produto usado na indústria, em solventes e combustíveis, e não deve ser ingerido. Diferente do etanol (utilizado em bebidas alcoólicas) ele se transforma no organismo em formaldeído e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos.

Essas substâncias atacam tecidos do corpo, principalmente o nervo óptico e o sistema nervoso central, provocando desde sintomas como náuseas, vômitos e dor abdominal até quadros mais graves, incluindo coma e morte. Mesmo quando há tratamento, os danos visuais costumam ser permanentes.

Copos com vodka. Foto: Reprodução

O documento da ABNO, assinado pelo presidente Mario Luiz Ribeiro Monteiro e pelo vice-presidente Eric Pinheiro de Andrade, destaca que a rapidez no diagnóstico é fundamental. A confirmação é feita com base na história clínica, exames de sangue e de imagem. O objetivo do tratamento é bloquear a conversão do metanol em derivados tóxicos.

Segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Globo, os sintomas podem aparecer de 12 a 24 horas após a ingestão, ou até antes se a dose for alta. Dor de cabeça intensa, confusão mental e principalmente visão turva súbita são sinais de alerta para buscar atendimento imediato.

O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, reforça que as primeiras 48 horas são decisivas para salvar a vida e preservar a visão. “Trata-se de uma emergência médica e oftalmológica. Quanto mais rápido o socorro, maiores as chances de evitar a cegueira e a morte”, afirmou.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.