Ale Santos: “É ingenuidade ou desonestidade dizer que a escravidão acabou graças a uma canetada na Lei Áurea”

Atualizado em 13 de maio de 2020 às 10:59
Ale Santos: “É ingenuidade ou desonestidade dizer que a escravidão acabou graças a uma canetada na Lei Áurea”. Foto: Reprodução/Twitter

Do escritor Ale Santos, que debate questões raciais, no Twitter:

É muita ingenuidade ou desonestidade dizer que a escravidão desenvolvida por séculos no Brasil, acabou graças a uma única canetada pela Lei Áurea. A abolição foi um processo longo, cheio de figuras importantes como Luis Gama, Dragão do Mar e com participação da Isabel

O problema de enaltecer, exclusivamente, a Isabel é que invisibiliza todos os outros como o André Rebouças, responsável por sensibilizar a monarquia a causa abolicionista desenvolvida por Joaquim Nabuco

Elevar a Isabel a um posto que não existe, de “salvadora”, esconde histórias como de Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista que denunciava a escravidão e encobre o fato de que a maior parte dos negros já eram livres graças a alforrias ou revoltas na data

Após a abolição todos os abolicionistas negros foram perseguidos, José do Patrocínio que deveria alcançar o status máximo na sociedade, foi espancado. As elites brasileiras se preparavam para um novo projeto de hierarquia social baseada em racismo científico

A crença na inferioridade racial infectou até alguns abolicionistas; por isso a data de hoje tem uma importância diferente da luta anti-racista, que só veio surgir depois.