Aleluia: censor do curso sobre o golpe na Ufba é membro da Escola Sem Partido e filho do “Missa” da Obebrecht

Atualizado em 10 de março de 2018 às 15:32
Alexandre Aleluia e o pai José Carlos

O professor da Universidade Federal da Bahia Carlos Zacarias recebeu, na sexta-feira (9), intimação de um oficial de Justiça para depor na 16ª Vara Federal Cível.

Zacarias deverá dar explicações sobre a disciplina “Tópicos Especiais em História: o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”.

Também foi convocado para uma audiência na Câmara Municipal de Salvador sobre o assunto. Tem até dez dias para se manifestar.

No pedido de liminar, o reitor João Carlos Salles também é citado.

Quem protocolou foi o vereador Alexandre Aleluia, do DEM, que pede a suspensão da disciplina. “É uma afronta ao povo brasileiro que paga impostos para que haja ensino e pesquisa realizados seriamente”, afirma.

É a “imposição de um delírio como realidade”.

A Ufba é uma entre ao menos quinze universidades que estão dando curso sobre o golpe de 2016, um fenômeno que se disseminou desde que o ministro da Educação, Mendoncinha, tentou censurar a UnB.

No caso baiano, o censor é um propagandista de direita de miolo mole pertencente a um clã de rica folha corrida. 

Aos 34 anos, Alexandre estreou na vereança com o projeto “Escola Sem Partido”, que previa a fixação de cartazes nas salas de aula com informações sobre os direitos dos alunos “de liberdade de crença e consciência”.

“O Escola Sem Partido, às vezes, é muito mal interpretado ou corrompido pela linguagem que a esquerda faz. Não se trata de censura ou qualquer coisa parecida”, alega.

“Outra coisa que defendo muito é família. Então, eu procuro resguardar o papel da família dentro do ensino, orientação do aluno, resguardando a orientação moral, religiosa, sexual”.

A imbecilidade do “combate à ideologia de gênero” faz parte do pacote. “O sexo para uma criança de 13 anos não é algo fundamental. Inclusive, não é nem secundário. Isso é inadmissível”.

Seu pai é o deputado José Carlos Aleluia. A família, infelizmente, tem tradição política no estado.

Aleluia virou um baluarte contra a corrupção apesar do telhado de vidro. Em 2002, foi citado no escândalo dos anões do orçamento.

Em 2006, estava no meio da Máfia das Ambulâncias.

Em 2017, o delator José de Carvalho Filho, ex-funcionário da Odebrecht, contou que esteve em sua casa em Salvador, onde Aleluia teria pedido R$ 280 mil na campanha de 2010.

Outro executivo falou que José Carlos tentou morder mais R$ 280 mil em 2014.

Na famosa planilha da Odebrecht, Aleluia tinha o apelido de “Missa”.

“A relação familiar é muito mais metafísica do que simplesmente sanguínea”, afirma o pequeno Alexandre sobre papai.

Tá na cara.