Alexi Lalas, o americano tranquilo, e sua percepção do Brasil da Copa

Atualizado em 12 de junho de 2014 às 11:46

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Alexi Lalas marcou presença na Copa de 1994, nos EUA, menos pelo futebol e mais pela figura, com seu cabelo e longa barbicha ruivos e uma enorme força de vontade que mitigava o talento relativo.

Ex-zagueiro, o carismático Lalas tornou-se comentarista da ESPN — e virou, sem querer, símbolo do fla-flu estúpido em torno do Mundial no Brasil e da falsa questão entre torcer, fingir indiferença ou esperar uma catástrofe.

Ele está fazendo uma espécie de “diário de viagem”. Ao desembarcar no Galeão, postou no Twitter: “O aeroporto do Rio foi mais rápido e fácil que nos Estados Unidos. Aterrissamos, passamos pela alfândega e pegamos nossas malas em um total de 32 minutos”.

Com mil demônios, mas não era para dar tudo errado? O que cazzo aconteceu?

Logo depois, fez uma piada. E aí prometia surgir o personagem esperado: o gringo que chega ao país, se dá mal por causa da falta de infra-estrutura/corrupção/PT/ariranha/tudo isso que está aí e mostra como somos um lixo. “Dia 1 no Rio. Eu não fui roubado nem tive meus órgãos internos colhidos”.

Foi criticado. Retratou-se: “Desculpe. Eu estava apenas tentando mostrar como as percepções nem sempre correspondem à realidade. E uma Copa do Mundo pode ajudar a mudar isto”.

Em seguida, mostrou o que viu.

“Há bares a cada 100m na Praia de Copacabana. Enquanto eu corro, eu posso vê-los brilhando como sirenes luminosas me guiando para casa”.

 

 

 

 

“Me desculpem por tantos posts. A Copa do Mundo me deixa empolgado. A Copa do Mundo no Brasil me deixa mais empolgado ainda”.

“O trânsito no Rio é como nos Estados Unidos, mas pensei que fosse mais bonito, rítmico e criativo”.

“Bonita corrida na praia de Copacabana. Muita gente, segurança visível e clima perfeito”.

Lalas, o americano tranquilo, vai curtir a Copa e torcer por seu time. Podia — por que não? — tecer comparações entre a organização do evento nos Estados Unidos e no Brasil. Foi preciso na seguinte observação: “Eu estava apenas tentando mostrar como as percepções nem sempre correspondem à realidade”.

É simples, mas Nelson Rodrigues estava certo quando disse que só os profetas enxergam o óbvio.