Ali e o pequeno notável: Moro consegue errar no português numa frase de 3 palavras. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 2 de fevereiro de 2020 às 15:17
Muhammad Ali bate Sonny Liston em 1965

O escritor e jornalista americano George Plimpton, editor da Paris Review, contava que, certa vez, Muhammad Ali dava uma palestra com ele em Harvard quando alguém lhe gritou que fizesse um poema.

A história está no belíssimo documentário “Quando Éramos Reis”, sobre a luta no Zaire entre Ali e George Foreman em 1974.

Muhammad Ali era disléxico, lembra Plimpton, e não teve as mesmas oportunidades que as pessoas na plateia.

Após alguns instantes de silêncio, Ali mandou ver o seguinte: “Me, we!” (“Eu, nós!”)

Noves fora a beleza do significado, virou a poesia mais curta da língua inglesa.

Eu pensei nisso quando li a saudação de Sergio Moro a Regina Duarte.

Como Ali, Moro é curto e direto ao ponto — só que no sentido da ignorância, da sabujice e da mesquinharia.

“Bem vinda, Regina”, escreve o ministro, que aparece numa foto ao lado dela e do chefe Bolsonaro.

O correto é “bem-vinda”. Tem hífen.

O sujeito, ex-juiz, candidato ao STF, à presidência da República, ao diabo, consegue errar numa frase de três palavras.

Cada um com o lutador que merece. Nós ficamos com Ali.