Aliados de Lula acusam Trump de interferência e associam tarifa de 50% a Bolsonaro

Atualizado em 10 de julho de 2025 às 0:06
Lula apontando pra frente e olhando para a câmera
Presidente Lula (PT) – Divulgação/PR

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) veem a decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros como uma interferência direta no processo político nacional. A medida, segundo esses aliados, teria como objetivo beneficiar Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, e por isso defendem que os prejuízos econômicos gerados sejam associados diretamente à oposição. Com informações da Folha de S.Paulo.

O republicano publicou nesta quarta-feira (9), em sua rede social Truth Social, uma carta dirigida ao petista, na qual afirma que aplicará a tarifa a partir de 1º de agosto.

No documento, ele menciona o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e chama o processo de “vergonha” e de “caça às bruxas que precisa ser encerrada imediatamente”. O presidente norte-americano também cita “ordens secretas e ilegais” contra plataformas de mídia nos EUA e acusa o Brasil de violar a “liberdade de expressão de americanos”.

Para auxiliares de Lula, a carta deixa claro que a punição comercial está diretamente ligada à atuação de Bolsonaro e de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), que desde março reside nos EUA com o objetivo declarado de pressionar autoridades norte-americanas contra Alexandre de Moraes, ministro do STF, e contra o próprio governo brasileiro.

Eles avaliam que caberá à oposição arcar com o ônus político dos impactos econômicos provocados pelas tarifas de Trump. A narrativa já tem sido reforçada por aliados do Planalto nas redes sociais. A ex-deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) acusou a família Bolsonaro de causar “grande prejuízo ao Brasil” e defendeu união em defesa da soberania nacional.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) classificou as tarifas como “taxa Bolsonaro” e publicou imagem contrastando o boné trumpista “Make America Great Again”, usado por Bolsonaro, com um boné de Lula com a frase “O Brasil é dos brasileiros”.

A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, também reagiu no X, afirmando: “O projeto de Lula é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!”. Ela ainda acusou o ex-presidente de subserviência aos EUA e afirmou que suas mentiras sobre o Brasil e o STF “serviram de pretexto para Donald Trump taxar as exportações brasileiras”.

Gleisi acrescentou que Trump nunca se importou com a democracia, mas teme o fortalecimento das relações comerciais do Sul Global, especialmente nos BRICS. “Não seremos reféns de Trump nem de Bolsonaro”, declarou.

Já no Congresso, o clima seguiu polarizado. Um auxiliar de Lula lembrou que a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, presidida por bolsonaristas, aprovou moção de louvor a Trump nesta quarta-feira. A proposta, de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirma que Trump “deve ser enaltecido” como “exemplo de democracia moderna”.

Para o governo, essa atitude da oposição reforça a percepção de que há uma tentativa de interferência estrangeira no processo político-eleitoral brasileiro e nas ações do STF, o que politiza ainda mais a guerra tarifária e inviabiliza concessões às exigências dos EUA.