
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) veem a decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros como uma interferência direta no processo político nacional. A medida, segundo esses aliados, teria como objetivo beneficiar Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, e por isso defendem que os prejuízos econômicos gerados sejam associados diretamente à oposição. Com informações da Folha de S.Paulo.
O republicano publicou nesta quarta-feira (9), em sua rede social Truth Social, uma carta dirigida ao petista, na qual afirma que aplicará a tarifa a partir de 1º de agosto.
No documento, ele menciona o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e chama o processo de “vergonha” e de “caça às bruxas que precisa ser encerrada imediatamente”. O presidente norte-americano também cita “ordens secretas e ilegais” contra plataformas de mídia nos EUA e acusa o Brasil de violar a “liberdade de expressão de americanos”.
🚨 URGENTE: em tom ditatorial, Trump envia carta para Lula "ordenando" que julgamento de Bolsonaro acabe imediatamente!
No entanto, os EUA não mandam no judiciário brasileiro, o BRASIL É SOBERANO, não uma colônia trumpista, apesar dos traidores da pátria. pic.twitter.com/HAyeD0377z
— Análise Política 2 (@analise2025) July 9, 2025
Para auxiliares de Lula, a carta deixa claro que a punição comercial está diretamente ligada à atuação de Bolsonaro e de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), que desde março reside nos EUA com o objetivo declarado de pressionar autoridades norte-americanas contra Alexandre de Moraes, ministro do STF, e contra o próprio governo brasileiro.
Eles avaliam que caberá à oposição arcar com o ônus político dos impactos econômicos provocados pelas tarifas de Trump. A narrativa já tem sido reforçada por aliados do Planalto nas redes sociais. A ex-deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) acusou a família Bolsonaro de causar “grande prejuízo ao Brasil” e defendeu união em defesa da soberania nacional.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) classificou as tarifas como “taxa Bolsonaro” e publicou imagem contrastando o boné trumpista “Make America Great Again”, usado por Bolsonaro, com um boné de Lula com a frase “O Brasil é dos brasileiros”.
A diferença entre um e outro.
ESTAMOS COM LULA! pic.twitter.com/yqRPv7iI9i— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) July 9, 2025
A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, também reagiu no X, afirmando: “O projeto de Lula é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!”. Ela ainda acusou o ex-presidente de subserviência aos EUA e afirmou que suas mentiras sobre o Brasil e o STF “serviram de pretexto para Donald Trump taxar as exportações brasileiras”.
Gleisi acrescentou que Trump nunca se importou com a democracia, mas teme o fortalecimento das relações comerciais do Sul Global, especialmente nos BRICS. “Não seremos reféns de Trump nem de Bolsonaro”, declarou.
O projeto do @LulaOficial é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!
A subserviência de Bolsonaro aos EUA está custando caro ao país. As mentiras que ele e a família espalharam sobre o Brasil e o STF serviram de pretexto para Donald Trump taxar as exportações…— Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 9, 2025
Já no Congresso, o clima seguiu polarizado. Um auxiliar de Lula lembrou que a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, presidida por bolsonaristas, aprovou moção de louvor a Trump nesta quarta-feira. A proposta, de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirma que Trump “deve ser enaltecido” como “exemplo de democracia moderna”.
Para o governo, essa atitude da oposição reforça a percepção de que há uma tentativa de interferência estrangeira no processo político-eleitoral brasileiro e nas ações do STF, o que politiza ainda mais a guerra tarifária e inviabiliza concessões às exigências dos EUA.