Aliados de Lula e Bolsonaro aguardam sinal de Trump sobre possível fim de sanções

Atualizado em 4 de dezembro de 2025 às 19:32
Lula e Donald Trump. Foto: Divulgação

A troca de telefonemas entre Lula e Donald Trump, na terça-feira (2), abriu caminho para uma possível mudança na relação entre Washington e Brasília. Segundo fontes do governo e do bolsonarismo, pessoas próximas ao Planalto e aliados de Jair Bolsonaro foram avisados de que novas medidas de distensão devem ser anunciadas em breve.

Interlocutores afirmam que, ao tratar das sanções durante a conversa, Trump mencionou que “boas notícias” estão a caminho. Quatro fontes que acompanham de perto as discussões consideram mais provável a reversão da revogação dos vistos aplicada contra ministros de Lula e integrantes do Supremo Tribunal Federal.

A Casa Branca determinou o cancelamento dos vistos no contexto do tarifaço sobre produtos brasileiros, vinculado ao avanço do processo sobre a trama golpista contra Bolsonaro.

A medida atingiu oito ministros do STF, entre eles Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e auxiliares de primeiro escalão do governo Lula, como Ricardo Lewandowski, Alexandre Padilha e Jorge Messias.

Na ocasião, Messias classificou a iniciativa como “agressão injusta”. Entre os ministros do Supremo, ficaram de fora Luiz Fux, que votou contra a condenação de Bolsonaro, e os dois indicados por ele, André Mendonça e Kassio Nunes Marques.

Em agosto, o governo Trump também revogou os vistos do secretário do Ministério da Saúde, Mozart Júlio Tabosa Sales, e de Alberto Kleiman, ex-integrante do governo federal, por causa da participação no Mais Médicos.

Alberto Kleiman e Mozart Julio Tabosa Sales sofreram sanções dos Estados Unidos. Foto: Divulgação

A Casa Branca criticou a contratação de profissionais cubanos. “O Mais Médicos foi um golpe diplomático inconcebível de ‘médicos’ estrangeiros”, disse o secretário de Estado, Marco Rubio. Nas redes sociais, Trump descreveu sua conversa com Lula como “muito produtiva”, citando temas como crime organizado, tarifas e “as sanções impostas a diversas autoridades brasileiras”.

No entorno do governo brasileiro, persiste a expectativa de que Alexandre de Moraes e sua mulher, Viviane Barci de Moraes, possam ser retirados futuramente da lista de sanções da Lei Magnitsky. Moraes entrou formalmente no rol de alvos em 30 de julho.

Viviane foi incluída em 22 de setembro, após a Primeira Turma do Supremo condenar Bolsonaro por golpe de Estado. A lei americana, criada no governo Barack Obama, é conhecida como “pena de morte financeira” porque limita drasticamente o acesso dos sancionados ao sistema internacional.

A decisão contra Moraes ocorreu após aliados de Bolsonaro procurarem integrantes do governo Trump com o argumento de que decisões do ministro teriam atingido cidadãos americanos, como a suspensão de perfis em redes sociais e a derrubada temporária do X, plataforma de Elon Musk.

Quando a medida foi anunciada, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que Moraes “assumiu a si mesmo o papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos EUA e do Brasil”.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.