
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Lula (PT) preparam ofensivas digitais para acompanhar o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), que começa nesta terça-feira (2). A disputa, que vai além do campo jurídico, promete ser intensa nas redes sociais, onde cada lado busca moldar a opinião pública e engajar suas bases, conforme informações do Globo.
Entre os bolsonaristas, a avaliação é que a batalha digital será tão decisiva quanto a jurídica. Dados da consultoria Arquimedes mostram que, entre 23 e 29 de agosto, aliados de Bolsonaro dominaram o X com 334 mil menções ao tema.
Publicações de deputados como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO), que classificaram as acusações como injustas, tiveram maior engajamento.
A ofensiva será coordenada por Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que administra as redes do pai, já que o ex-presidente está proibido de publicar. Hashtags como #JustiçaParaBolsonaro e #PerseguiçãoPolítica serão impulsionadas por parlamentares e influenciadores bolsonaristas.
A estratégia prevê lives, vídeos curtos e postagens sincronizadas no X, Instagram e TikTok, criando um fluxo contínuo de conteúdos que reforcem a narrativa de “vitimização”.
Participarão da mobilização figuras como o cantor Fábio Dub, autor de jingles para Bolsonaro, e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). O deputado Domingos Sávio (PL-MG) resumiu a estratégia: “A defesa tem que ser feita no campo judicial e está sendo feita, mas vamos mobilizar pela anistia e contra o Judiciário”.

Divergências internas no PL
Dentro do PL, no entanto, há divisão sobre o tom a ser adotado. Parte da bancada defende ataques diretos ao STF, enquanto outra ala prega cautela para evitar desgaste em ano pré-eleitoral. Pressionado, o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, tenta equilibrar apoio a Bolsonaro com o foco em ampliar a presença do partido no Senado e em alianças para 2026.
No Congresso, líderes da oposição planejam obstruções de votações na Câmara em protesto contra o julgamento. O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu no processo, afirmou: “Vai ter muita convocação nas redes, já que ocorre no meio do julgamento, mas não quer dizer que não possa ter obstrução de votações”.
Estratégia petista: mobilização em tempo real
O PT também organiza uma ofensiva digital para acompanhar o julgamento. A legenda aposta no simbolismo histórico das sessões da Primeira Turma e pretende mobilizar sua militância com transmissões ao vivo e conteúdos simplificados. A estrutura inclui o canal de internet TvPT, a RádioPT e o canal aberto via satélite PT SAT.
A TV do partido, que se credenciou para acompanhar as sessões no STF, terá a presença do presidente da legenda, Edinho Silva, comentando em tempo real.
Vídeos curtos, memes e produções com inteligência artificial estão sendo preparados com frases como “Grande dia”, “Bolsonaro preso” e “Genocida”. O objetivo é traduzir debates jurídicos em mensagens fáceis de compartilhar e reforçar a imagem de que o julgamento é um marco na defesa da democracia.
Além disso, deputados petistas acompanharão juntos as sessões em uma sala com televisores na Câmara, comentando ao vivo nas redes para alimentar a militância.
“O PT vai acompanhar, monitorar e dar conhecimento à sua base sobre cada momento. Muito antes de ser um caso de disputa política, o julgamento do 8 de Janeiro é o encontro dos que tramaram contra a democracia com a Justiça”, disse Eden Valadares, secretário nacional de comunicação do PT.