
Uma ala do bolsonarismo avalia que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) extrapolou nos movimentos que vem fazendo junto ao governo Donald Trump nos Estados Unidos. Para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, as articulações do filho podem atrapalhar a busca por soluções políticas que aliviem a situação do pai no Brasil.
Segundo o blog da Andréia Sadi no g1, integrantes do Centrão evitam críticas públicas para não ampliar desgastes com Bolsonaro, mas reservadamente admitem que Eduardo está atrapalhando. A principal preocupação é que ele inviabilize negociações no Congresso, como a proposta que discute reduzir penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Bolsonaro chegou a enviar emissários para tentar conter o filho. Eduardo, no entanto, não recuou e insiste em pressionar autoridades brasileiras com pautas como sanções da Lei Magnitsky, mecanismo americano que prevê punições a acusados de violar direitos humanos e práticas de corrupção.
O ex-presidente está apreensivo com a possibilidade de prisão em regime fechado. Além do tempo de cumprimento da pena, pesa a condição de saúde, marcada por problemas recorrentes no abdômen e episódios recentes de internações.

Por isso, Bolsonaro teme que as atitudes de Eduardo comprometam uma saída negociada. Nos bastidores, cresce o temor de que a postura do deputado inviabilize qualquer avanço, já que ele defende de forma inegociável a anistia ampla, geral e irrestrita.
A avaliação majoritária é que esse caminho não tem condições de prosperar no Congresso, tornando-se um obstáculo político em vez de solução. A irritação também é eleitoral: aliados de Bolsonaro consideram que Eduardo desgasta o campo da direita em plena preparação para a disputa de 2026.
O receio é de que a insistência em pautas inviáveis afaste possíveis aliados e comprometa a construção de uma frente mais ampla. Ele tem dito a interlocutores que pretende ser candidato à Presidência, mesmo sem apoio do pai e contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O influenciador Paulo Figueiredo, próximo a Eduardo, contestou essa ala do bolsonarismo e disse que seguirá alinhado com o deputado e ironizou os críticos: “Se forem chorar, peça por favor para mandarem áudio. Vai piorar e [eles] não podem fazer nada”.