Nos últimos oito meses, as Forças Armadas enviaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) 88 questionamentos relacionados a supostas fragilidades que, segundo os militares, podem expor a vulnerabilidade do processo eleitoral. A maioria das perguntas, de acordo com o Estadão, vai na mesma linha de pensamento do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Após um breve período de discurso mais moderado, o chefe do Executivo voltou a colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas e duvidar da capacidade do tribunal, conforme se aproximam as eleições presidenciais de outubro.
Foram enviados pelos militares cinco ofícios sigilosos. Quatro deles já receberam respostas, e um ainda espera a manifestação da Corte. Os documentos são assinados pelo general de Divisão do Exército Heber Garcia Portella, da Comissão de Transparência do TSE. Ele foi indicado pelo ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, hoje cotado para vice na chapa de Bolsonaro.
Em uma de suas fortes declarações contra o TSE, o chefe do Executivo recomendou a montagem de uma sala de apuração paralela que pudesse ser monitorada pelas Forças Armadas. Esse é um dos pontos defendidos pelos militares nos questionamentos. Existe um espaço no tribunal que concentra o núcleo da totalização dos votos. No dia 27, Bolsonaro defendeu a instalação de “um computador das Forças Armadas, para contar os votos no Brasil”.
O Estadão aponta que a lista de indagações pode ser dividida em cinco grupos: “questionamentos sobre o teste de integridade das urnas eletrônicas; perguntas sobre o nível de confiança nos sistemas de votação e apuração dos votos; solicitação de documentos, listagens, relatórios e outras informações sobre as políticas do tribunal; indagações gerais sobre o funcionamento das urnas; e propostas de aperfeiçoamento da transparência da Corte.”
Vale ressaltar que nunca foram detectadas fraudes no sistema eletrônico de votação. A Polícia Federal não encontrou sinais de vulnerabilidade nas urnas ao analisar, no ano passado, inquéritos abertos desde que o aparelho passou a ser usado, na década de 1990. Foram registradas irregularidades somente quando a votação ainda era em cédula de papel.
Após a adoção das urnas eletrônicas, o TSE passou a submeter o equipamento a teste por hackers e não houve constatação de riscos.