Antes de morrer, o jovem enviou mensagens de áudio à mãe. A primeira foi recebida às 10h38, na qual Pedro se despedia e mencionava a intenção de tirar a própria vida. O desespero tomou conta de sua mãe quando ela recebeu uma ligação da escola confirmando que ele havia enviado uma mensagem de áudio para seu grupo de classe.
A mãe de Pedro contatou rapidamente seu filho mais velho, que tentou localizar o jovem através do celular. Usando o localizador do Google, o irmão foi ao encontro dele, mas chegou tarde demais. Por volta das 12h30, ele encontrou o corpo do adolescente, que havia consumado o suicídio.
Pedro Henrique tinha obtido uma bolsa integral para estudar no Colégio Bandeirantes, uma instituição prestigiada em São Paulo. Apesar de seu desempenho acadêmico, ele enfrentou dificuldades sociais significativas na escola. Alvo de bullying e exclusão devido a sua identidade racial e sexual, o jovem se tornou cada vez mais isolado.
O caso do jovem ganhou atenção nacional após seu tio, Bruno, divulgar a tragédia nas redes sociais, apontando a responsabilidade do colégio e o impacto do bullying. A manifestação de jovens em frente à escola e as críticas ao Bandeirantes destacaram a necessidade de uma resposta mais eficaz às questões de discriminação e suporte psicológico.
Especialistas em psicologia destacam a importância de tratar o bullying com seriedade e de criar ambientes educacionais inclusivos e respeitosos. Maria Isabel da Silva Leme, professora do Instituto de Psicologia da USP, enfatiza a necessidade de dar a devida gravidade ao comportamento de bullying e de promover o respeito às diferenças.
“No bullying presencial, as vítimas têm características que mostram uma falta de defesa. Ela é a escolhida. O bullying não é praticado com qualquer um e necessariamente requer plateia”, afirmou a professora. “O bullying é uma grande agressão e seus praticantes são agressores. Eles sabem que estão errados e querem se firmar às custas dos outros”, conclui a Maria Isabel.