Alunos brasileiros são alvos de xenofobia em Universidade de Lisboa

Atualizado em 12 de maio de 2023 às 9:15
Caixa com pedras colocada no hall da universidade de Lisboa, em 2019. (Foto: Reprodução)

A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, voltou a ser palco de acusações de xenofobia contra brasileiros.

Na nova denúncia, um estudante da instituição de ensino foi acusado de fazer alusão ao apedrejamento de brasileiros. A direção da faculdade informou que abriu um processo disciplinar para averiguar o comportamento do rapaz.

O episódio em questão teria ocorrido durante a Reunião Geral dos Estudantes no dia 20 de abril, quando um aluno-conselheiro da faculdade pediu a palavra para criticar uma carta entregue por brasileiros à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que realizava uma visita oficial à Portugal.

O aluno, que foi identificado como Hélder Semedo, além de criticar a carta e as denúncias, relembrou e caçoou de um episódio anteriormente ocorrido na faculdade, onde, em 2019, os alunos brasileiros foram alvos de um grupo de estudantes que colocou uma caixa com pedras contendo a indicação “grátis para atirar em um zuca [contração de brazuca]”.

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. (Foto: Reprodução)

Hélder também criticou o fato de os estudantes tratarem o presidente como “Lula”. Em Portugal, o hábito é incluir sempre o sobrenome das autoridades, o que acaba transformando o chefe de Estado brasileiro sempre em Lula da Silva nas menções oficiais e na imprensa.

O estudante apresentou então o que seria sua interpretação da intenção dos autores com o conteúdo da carta:

“Lula, é só para dizer que Portugal é um país péssimo, somos super maltratados, mas mesmo assim somos tão burros que continuamos a ir para lá”. Ele finalizou dizendo que os autores da carta “de fato mereciam levar com uma pedra”.

A carta a qual Semedo direcionava suas críticas e comentários preconceituosas se trata de um documento redigido pelos próprios alunos brasileiros da faculdade, onde os mesmos relatam as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes no país, incluindo questões relacionadas ao ensino superior em Portugal. O conteúdo aborda desde questões burocráticas junto ao órgão migratório até o valor diferenciado das mensalidades para os estrangeiros.

Após o episódio, Hélder Semedo foi acusado de xenofobia e suspenso das reuniões. Estudantes brasileiros relataram, porém, o que veem como uma tentativa de abafar o caso entre a comunidade acadêmica. Uma vez que as falas de Semedo foram excluídas da ata do evento sob a justificativa de desrespeito ao regimento, e só vieram a ser incluídas mais tarde após mais pressão dos brasileiros.

Em nota, a instituição afirmou que “repudia e não tolera qualquer situação de discriminação”. Disse ainda que a atitude de Hélder será investigada.

“Tendo tomado conhecimento do sucedido, a FDUL decidiu avançar no imediato com um processo disciplinar ao referido aluno. O ambiente multicultural que se vive na instituição, proporcionado pela presença de alunos e professores das mais diversas geografias, é uma das suas mais-valias”, disse a faculdade.

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